Boreas - John William Waterhouse - 1903
Nos primeiros dias outonais, tentava imaginar alegrias e prazeres, mas a melancolia apoderava-se dela e aprisionava seus pensamentos. Exercitava visualizar dias felizes, passados nas estações anteriores para conservar um “melhor-do-bom” que havia sentido. Imagens povoavam sua mente, sons e vozes dissipavam a dor e transformavam as recordações em sentimentos inexplicáveis, subterfúgio para o amor, invenções para a vida.
As estações mudavam e as lembranças iam se diluindo, como se outra pessoa tivesse vivido aquelas lembranças. Na transição, acordava como de um idílio e repensava a vida para se reinventar uma vez mais.
As estações do ano lhe traziam diferentes sensações. No inverno buscava o fogo que aquecesse sua alma. No verão, tudo que mais desejava era uma brisa que abrandasse o calor e aquietasse seu coração. E a cada vontade ou desejo, o corpo ia respondendo igualmente aos seus anseios.
Nos primeiros dias outonais, tentava imaginar alegrias e prazeres, mas a melancolia apoderava-se dela e aprisionava seus pensamentos. Exercitava visualizar dias felizes, passados nas estações anteriores para conservar um “melhor-do-bom” que havia sentido. Imagens povoavam sua mente, sons e vozes dissipavam a dor e transformavam as recordações em sentimentos inexplicáveis, subterfúgio para o amor, invenções para a vida.
Buscava atalhos ou percorria longos caminhos para fugir do sofrimento. Sentia vontades, vontades de viver emoções inusitadas, ansiava por um carinho que nem sabia qual era, mas que não se comparava com o que já havia vivenciado.
As estações mudavam e as lembranças iam se diluindo, como se outra pessoa tivesse vivido aquelas lembranças. Na transição, acordava como de um idílio e repensava a vida para se reinventar uma vez mais.
Num dia, dobrou a esquina, olhou para o céu e viu uma nesga de lua, crescendo. Encarou a longa e larga rua, pisou firme, lá adiante poderia ter mais um atalho.