domingo, 10 de maio de 2009

domingo, 10 de maio de 2009

Mais uma consideração e Adélia Prado

Serenata - peguei na internet

Tem horas que sinto vontade de vir aqui e atualizar o blog, mas acho que esgotei todas as palavras, que não são muitas. Tem horas que tenho vontade de dar um tempo para ele (o blog) e para mim (e para os leitores também), mas confesso que não tenho muita coragem. Tenho um apego meio exagerado por determinadas coisas e determinadas pessoas (digo isso, por que o apego não é aquele apego material e dizendo assim pode parecer!). Essas primeiras palavras são o reflexo do meu humor, nada interessante por esses dias (e não é TPM!).

Mas resolvi atualizar, só para atualizar. E resgatando um pouco do que era o blog um tempo atrás (antes de eu inventar de escrever!) vou me socorrer com versos de outros. No caso, outra, Adélia Prado. Fui escolher um poema dela e é tanta coisa linda que dá vontade de colocar todos por aqui.

***
Sopro de Adélia Prado – A serenata

Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
De que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?