Rodopiava leve.
Buscava o vento para entregar seu segredo.
Dormia mulher e acordava menina.
Acreditava na musicalidade da voz,
que sussurrava docemente ao seu ouvido:
- Preciso abandoná-la, mas te encontrarei na vastidão dos teus sonhos.
Lapidava seu sentimento como uma jóia,
percorria caminhos sem fim, com pés descalços,
na busca da sensatez e tranquilidade, só permitida aos muito loucos.
Assim soprava versos.
Soltos versos, loucos versos, pobres versos!
Que serviam de cajado para continuar rodando,
ou de apoio para sentar no caminho
e esperar quietar o coração.
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