Peguei na internet
De você sei quase nada
Pra onde vai ou porque veio
Nem mesmo sei
Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho
A chuva caía, a voz macia do Zeca Baleiro cantava no seu ouvido e ela caminhava cada vez mais rápido. Talvez a intenção, de caminhar na chuva, fosse conseguir repassar toda a sua vida e lavar tudo o que nela não lhe agradava. Olhou para trás na tentativa de ver suas pegadas. Que bobagem – pensou! Como poderia deixar pegadas no asfalto? Mas na água uma pegada fugidia era impressa, cada vez que pisava.
Será um atalho
Ou um desvio
Um rio raso
Um passo em falso
Um prato fundo
Pra toda fome
Que há no mundo
A “outra” que habitava sua mente pensou: “boba é você! Era nessa pegada que eu pensava mesmo! Um caminhar sem pegadas, sem rastros a serem seguidos”. Andava sozinha e nada, enfim, ia mudar isso!
Esse pensamento – que era seu e não era - lhe fez sentir um enorme peso no coração. Era assim mesmo que se sentia: duas! Talvez até mais que duas. Mas nesse momento, sentindo a água misturar ao suor daquele dia chuvoso e abafado, eram duas as que brigavam dentro dela.
Uma que quer se abrir e deixar pistas do que vai na mente, seus pensamentos mais secretos. E a outra, que se basta e quer trilhar tão levemente que seu peso não pressione o chão.
Noite alta que revele
Um passeio pela pele
Dia claro, madrugada
De nós dois não sei mais nada
A chuva fina continuava caindo, e lhe parecia, lavar a alma. E essa sensação sim, agradava-a por completo. Ainda teria que tomar inúmeras decisões e não tinha nenhuma certeza. Quanto mais procurava se concentrar nisso, mais divagava. O pensamento de desaparecer, sem dar notícias, sem dizer para onde iria, esperar que se esquecessem dela...
Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho?...
... De você sei quase nada
Passava a mão no rosto, com impaciência, como se isso fizesse com seus pensamentos apagassem. Se pelo menos, aquele encontro não tivesse acontecido...se, se...Se não tivesse divagado em seus próprios passos, agora seria só a chuva e não as lágrimas a encharcar o rosto...E o Zeca continuava cantando...
Se tudo passa como se explica
O amor que fica nessa parada
Amor que chega sem dar aviso
Não é preciso saber mais nada
Texto meu com trechos da música Quase Nada [Zeca Baleiro/Alice Ruiz]
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Bom, vou tentar atualizar com maior frequência. Agradeço os comentários no post anterior.Feliz 2009!