sexta-feira, 12 de junho de 2009

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Mergulho

Imagem: internet


***

Estava enredada, como em uma teia de aranha. Identificava os sintomas. Um dia já os havia sentido. Havia experimentado viver momentos felizes, mas felicidade era ente difícil de alcançar, sempre corria à frente.

Inevitavelmente, seus pensamentos viajavam na mesma direção, meses, dias, horas, sempre que a mente divagava. O primeiro pensamento do dia. O último também. Isso quando não invadia seus sonhos.

A ansiedade de um encontro, o frio no estômago que precede novas experiências. A vontade quase incontrolável de viver exclusivamente aquela sensação. Saber que não deve, não é suficiente para tirá-la do devaneio. Enxergar a solidão do sentimento, não a poupava de sentir vontade de mergulhar no poço de águas escuras. Identificar o quão raso é o lago, não bastava para impedir de querer se atirar de cabeça.

Sua alma lhe suplicava prudência, seu coração e seu corpo, lhe gritavam que queriam continuar, mesmo que ao emergir, restassem somente feridas a curar. Sabe tudo, sabe cada mínimo sentimento e angústia, mas nenhum conhecimento a livra da dor que essa entrega solitária irá provocar.


***