segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Carta 2: Esperança e ano novo!

Peguei na internet
Queridos amigos Ana e João,

No fim do ano sempre sinto um enorme saudade de vocês. Em meio às comemorações de fim de ano, tirei um tempo para escrever essa carta e desejar a todos vocês um ótimo 2009.

Vocês sabem que acima de tudo sou uma pessoa esperançosa, por isso creio que sempre vamos melhorar. Não sou muito de compactuar com aqueles que dizem que o passado foi melhor que o hoje ou que eu era feliz e não sabia. Eu fui feliz sim, mas posso ser mais feliz ainda, e isso me move. Apesar de estarmos distantes, sei que vocês também estão aproveitando os dias ao lado das pessoas que lhes são caras e minha saudade é daquelas que me fazem abrir um sorriso ao imaginá-los.

Eu rezo para que as conquistas da humanidade se ampliem no novo ano. Afinal, mesmo que muitas vezes acreditemos que nada tem saída, ainda assim, avançamos nas relações humanas e sociais. Poderia ser mais rápido? Talvez, mas somos todos humanos e isso é complicado.

Pois é, não vou escrever demais, só gostaria mesmo de desejar um Novo Ano de paz, alegrias, dias tranqüilos e boas emoções - emoções de todos os matizes - para vocês, para mim, para toda a humanidade.

Desejo também que nós possamos nos encontrar logo, e vou continuar planejando isso. Um beijo para todos da família. Adoro vocês.

Com carinho,

Luciana


***

Sopro de Quintana – Esperança

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...






***

Desejo a todos as pessoas que estiveram no Sopros de Lis em 2008 - foi um prazer conhecê-los e a convivência. O único balanço que desejo fazer hoje, é a perspectiva de dias ainda melhores. Que seus dias, no novo ano, sejam repletos de Esperança.

[Agradeci os votos no halos de baixo]

Meu carinho!
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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Fogos de Artifício e Poema de Natal

Peguei na internet

Fogos de Artifício
Olhou para o céu e viu a explosão de cores. Fogos de artifício. O período natalino era sempre especial, pois quase todos os dias ele podia ver os fogos e lia a programação da cidade para não perder nenhum espetáculo.

João havia morado na rua na infância e já nem sabia como tinha ido parar lá. Lembrava somente do dia em que a aquela mulher, com olhar bondoso, perguntou a ele se não gostaria de passar o Natal em sua casa. Devia ter dez anos, e quando entrou naquele “abrigo”, percebeu que a vida podia ser melhor. Uma linda árvore de natal na sala, toda confeccionada pelas crianças que ali moravam. Um sonho aquelas luzinhas. Queria ficar e ia fazer o que fosse necessário para isso.

Na noite de natal, todos foram para a rua olhar o céu e ver os fogos. Tantas cores, tantas formas, sorria e chorava, chorava e sorria. Ele nunca experimentara aquele aperto no coração, que ao mesmo tempo em que doía lhe proporcionava bem estar. Para sempre, aquelas luzes iriam brilhar nos seus olhos e seu coração sempre sentiria a mesma sensação, pois estava aprendendo o que era felicidade, quando a senhora de olhos bondosos, segurou sua mão e assistiram assim, a queima de fogos.

Hoje, olhando o céu, lembrou da música que diz Papai Noel vê se você tem a felicidade para você me dar, percebeu que, para ele, Papai Noel existiu e lhe foi muito generoso. Segurou a mãozinha da filha e abraçou a esposa, queria sentir o calor das duas para admirar os fogos e sentiu-se criança novamente, e sorriu e chorou. Era um privilegiado e agradeceria “ao céu”, enquanto estivesse vivo.

*Pode parecer meio piegas, mas adoro fogos de artifício e para falar sobre o tema, somente me veio essa historinha na mente.

***

Sopro de Vinicius de Moraes - Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
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domingo, 14 de dezembro de 2008

domingo, 14 de dezembro de 2008

Coisas que eu sei...

Enquanto não penso em algo para postar, um pouco mais do meu gosto musical pop.
Bom domingo!

Coisas Que Eu Sei
Danni Carlos (Composição: Dudu Falcão)
Eu quero ficar perto
De tudo que acho certo
Até o dia em que eu
Mudar de opinião
A minha experiência
Meu pacto com a ciência
Meu conhecimento
É minha distração...
Coisas que eu sei
Eu adivinho
Sem ninguém ter me contado
Coisas que eu sei
O meu rádio relógio
Mostra o tempo errado
Aperte o Play...
Eu gosto do meu quarto
Do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer
Na minha confusão
É o meu ponto de vista
Não aceito turistas
Meu mundo tá fechado
Pra visitação...
Coisas que eu sei
O medo mora perto
Das idéias loucas
Coisas que eu sei
Se eu for eu vou assim
Não vou trocar de roupa
É minha lei...
Eu corto os meus dobrados
Acerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais
Depois que eu já paguei
Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas
Depois eu já nem lembro
Do que eu desenhei...
Coisas que eu sei
Não guardo mais agendas
No meu celular
Coisas que eu sei
Eu compro aparelhos
Que eu não sei usar
Eu já comprei...
As vezes dá preguiça
Na areia movediça
Quanto mais eu mexo
Mais afundo em mim
Eu moro num cenário
Do lado imaginário
Eu entro e saio sempre
Quando tô a fim...
Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
Agora eu sei...





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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Alfonsina Storni e o mar

Monumento à Alfonsina Storni em frente a praia La Perla em Mar del Plata


Continuo dizendo que muita coisa que publico aqui no Sopros, se escolhem, não eu que escolho. Já há dias penso nessa música e em outro fiquei horas tentando achar uma versão midivoice para o blog. Na seqüência decidi que gostaria de contar um pouco sobre a história da personagem-tema, pois quando a conheci, gostei tanto, e se a música já me emocionava, quando eu não sabia que tratava-se de uma “história real”, imagine depois de saber. Um grande amigo me contou um dia e agora fui buscar uns pedacinhos na Wikipédia para contar aqui.

Conheci a música Alfonsina Y El mar antes de saber da poetisa Alfonsina Storni e de conhecer a história dela. Ouvi a música primeiramente com a Mercedes Sosa e depois na voz da cantora brasileira Simone – que particularmente não gosto, nem da voz, nem da maioria do repertório. Mas Alfonsina, eu gosto.

Alfonsina Storni, nasceu na Suiça, mas foi criada na Argentina, na província de San Juan. O pai escolheu o nome “melancólico e raro”, sobre o qual Alfonsina diria mais tarde: “me chamaram Alfonsina, que quer dizer disposta a tudo”. Em 1911, com uma vida cheia de aventuras, muda-se para Buenos Aires e lá tem um filho de pai desconhecido, sendo por isso e por outras atitudes definida como uma mulher que enfrenta radicalmente a sociedade. O material sobre sua “vida literária” é amplo na internet, mas a idéia é mesmo chegar ao tema da música, ou o porque da música. Então vamos a isso.

Em 1935 foi operada de câncer de mama e a cirurgia a deixa com grandes cicatrizes físicas e emocionais. Sempre tivera problemas de depressão, paranoia e ataques dos nervos. Transtornos mentais esses, que se agravam por conta da mastectomía. E em 1937 o amigo escritor uruguaio Horacio Quiroga, suicida-se e ela dedica-lhe versos com prenúncios de seu próprio final.

Em 1938, com câncer terminal, Alfonsina envia - de Mar Del Plata – carta para seu filho Alejandro e um poema de despedida para o Diário La Nación. Numa madrugada, Alfonsina dirigiu-se ao mar, os biógrafos dizem que se atirou de um rochedo e a lenda, que ela foi caminhando lentamente até se afogar. Pela manhã, dois trabalhadores acharam seu corpo.
Seu suicídio trágico inspirou a canção Alfonsina Y El Mar, Ariel Ramirez e Félix Luna, que foi interpretada por inúmeros músicos do idioma espanhol. Destacam-se as versões de Mercedes Sosa, Victor Jara, Andrés Calamaro e The Clash, segundo as informações que coletei, pois não conheço todas.

Não tenho condições de traduzir adequadamente toda a letra da música, compreendo, mas não vou fazer essa injúria, portanto destaco – em tradução literal para o português - umas duas frases, que acho lindas:

Sabe Deus sabe que angústia te acompanhou/Que dores antigas calou tua voz... Te vais Alfonsina/com tua solidão/que poemas novos foste buscar...

Deixo um vídeo na voz da Mercedes Sosa.


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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Carta 1: bobagem e música



Querida Val,

Já faz um tempo que tenho vontade de te escrever, mas meus dias estão cada vez mais insuportáveis, o trabalho tem me absorvido de maneira extrema. Tudo o mais tem ficado em segundo plano. Hoje o dia foi particularmente complicado. Imagina aqueles dias que quase tudo dá errado! Pois é, esse foi o meu, não sei mais como me desenrolar de conflitos. Certamente não foi por falta de avisos, pois quando escolhi trabalhar com gestão de recursos humanos já deveria estar preparada e muitos me disseram que seria uma bobagem, logo eu!

Entretanto, nunca se está verdadeiramente preparado para nada nessa vida! Pelo menos pessoas como eu, né? Sou mesmo uma pessoa fraca e facilmente irritável, não sei convencer, não sei liderar. Então como fui escolher essa profissão? Você que me conhece melhor que qualquer outra no mundo, me diga: por que eu tenho essa tendência a me envolver em situações ou coisas que depois não sei como sair? Se você não puder me ajudar, acho que ninguém mais pode.

Certo, sei que é uma enorme responsabilidade, essa que coloco em suas mãos, mas hoje me sinto desesperada. Não imaginava, que nessa época do ano, ainda estaria com tantos problemas para resolver.

Outra coisa que queria comentar contigo: sabe aquela pessoa, de quem te falei? Sumiu! Eu já estava ficando bem interessada, mas sabe como sou: prioridade sempre é tudo, menos minha vida pessoal. Enfim, já faz duas semanas que não me liga, não aparece nas reuniões com amigos comuns. Acho que já está em outra. Claro, quem vai ter paciência com uma neurótica que só conversa sobre trabalho, desmarca cinema por conta de reunião?

Val, tudo isso acontecendo na minha vida, eu querendo conversar contigo, e tu com essa implicância com tecnologia. Já ouviu falar em 3G? Sou capaz de lhe dar um notebook e pagar um aparelhinho desses para possas te conectar na rede. Mas não, tenho que esperar uma semana para que você receba minhas cartas via correio. E esse lugar, onde você foi se esconder, não tem nem sinal de celular decente! Pensando bem, essa história de 3G não vai funcionar para ti.

Amiga, vê se volta vai?! Desiste dessa idéia de vida naturalista, ou sei lá como se chama, e volta aqui, para nós tomarmos uma cerveja e jogar conversa fora (e olhar a bunda de alguém, como diria o Nei Lisboa). Bem sabes que a Leila e a Ana não conseguem me entender e não têm paciência comigo. Não sabem nem delas mesmas!

Creio que essa carta já está longa e eu ainda quero colocar no correio hoje, aproveito e saio uma hora mais cedo do trabalho e me livro de ter que olhar para essas caras descontentes. De qualquer forma desabafei e já me sinto outra, imagina se conseguíssemos conversar no messenger!

Aguardo uma carta tua na minha caixa de correio.

Saudades e muitos beijos.
Com carinho,

Sofia

P.S1. Fala pro Paulo que mandei beijo para ele também.
P.S2. Te mando duas fotos: uma mais velha do Gasômetro e outra foi uma tentativa de captar a lua crescente.



***
Sopro de Zeca Baleiro - Telegrama

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sexta-feira, música e poesia

Janela, colorida janela

A sexta-feira é sempre um momento uma promessa de dias melhores, eu creio! Significa que se conseguiu concluir mais uma etapa e há uma nova possibilidade de descanso e diversão. Ou simplesmente, a certeza de um novo ciclo.


O cansaço e muitas vezes o desânimo são substituídos pelo prazer de se viver uma nova sexta-feira. Com essa expectativa, vou concluir uma semana de ausência, com música (a última daquelas sete!) e poesia. Só para começar a sentir o sopro do fim de semana e do fim do ano. E da perspectiva de encontros, reencontros e de confraternização...esperanças, enfim...


Bom findi!

***


Sopro de Mário Quintana [Da felicidade]


Quantas vezes, a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura,
Tendo-os na ponta do nariz!


Música
Meu lado "água com açúcar", super pop, Alexandro Sanz, adoro! (Dar solamente aquello que te sobra/Nunca fue compartir, sino dar limosna, amor/Si no lo sabes tú, te lo digo yo...la,la,la)

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Lantejoula e bicho-homem

Rede para descansar... vontade!
Escrito daqueles que surgem por surgir... E lembrança de leitura antiga, em livro da escola. Creio que ajudou na formação das minhas convicções.
***
Vivia num mundo lantejoula. Lantejoula, lantejoula... Ficou repetindo mentalmente a palavra para que pudesse assimilar o significado dessa descoberta. Lantejoula, de acordo com o dicionário e segundo a vida tinha mostrado, são pequenas lâminas cintilantes, que enfeitam roupas de festas, fantasias de carnaval. Não são coisas usuais, poderia dizer mesmo que aparece esporadicamente.

Certo, isso devia ter um significado então, essa analogia boba, meio ridícula. Na verdade foi a sensação de vazio completo que lhe fez imaginar sua vivência de lantejoula, cintilante, cintilante... Até agora sua vida resumia-se aos amigos, família e trabalho, tudo muito certinho, tudo muito asséptico, como se, somente festas e carnavais houvesse.

Ao olhar pela janela do seu rico apartamento e ver o homem engolindo o resto dos alimentos que haviam sido depositados na calçada, em sacos de lixo, ela caiu nesse abismo, nesse vazio. O aperto no estômago era incômodo como um soco e observando em torno de si, se deu conta do seu mundo de lantejoula. Palavra primeira que se interpôs entre sua visão do homem e o observar do seu mundinho.

A única vontade que tinha agora era sentar e se deixar ficar imersa em pensamentos. Precisava resolver o que faria com a descoberta.

***
Sopro de Manoel Bandeira [O bicho ]

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Rio, 27 de dezembro de 1947
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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Poucas palavras

Chuva e janela


Não tem jeito, cada vez que sento para escrever alguma coisa para postar, só sinto um imenso vazio. Difícil não conseguir dominar as palavras, pois tem um monte “coisas” gritando dentro de mim. Umas saudades, algumas pessoas, algumas sensações, alguns lugares...todos e tudo ao mesmo tempo, gritando e gritando. Mas meu tempo não tem sido tranqüilo e dessa forma meus pensamentos só me parecem um grande emaranhado de idéias e angústias.

Uma hora dessas a tranqüilidade volta...

E quando não encontro socorro em mais nada, ao menos Clarice Lispector me socorre, com palavras que foram “pescadas” aleatoriamente - em um livro que foi muito significativo num determinado momento da vida. Os escritos dela atravessam o tempo e servem de consolo para a minha falta do que dizer e dizem por mim.

***

Sopros de Clarice Lispector
...
A vida oblíqua? Bem sei que há um desencontro leve entre as coisas, elas quase se chocam, há desencontro entre os seres que se perdem um dos outros entre palavras que quase não dizem mais nada. Mas quase nos entendemos nesse leve desencontro, nesse quase que é a única forma de suportar a vida em cheio, pois um encontro brusco face a face com ela nos assustaria, espaventaria os seus delicados fios de teia de aranha. Nós somos de soslaio para não comprometer o que pressentimos de infinitamente outro nessa vida de que te falo.
...
(Água Viva)
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domingo, 23 de novembro de 2008

domingo, 23 de novembro de 2008

Domingo de sol e poesia

Mania de... janela...

Vou colocar uma outra poesia da Hilda Hilst. Uma palavrinha antes sobre as poesias que tenho postado, dela. A primeira (acho!) foi uma que dizia: Se te pareço noturna e imperfeita... e a de ontem, fazem parte do livro Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão. E elas são "integrantes" dos Dez chamamentos ao amigo. Hoje vou postar mais um deles, pois achei que combinava com domingo. Quer dizer, não sei se combina com domingo, só sei que ontem postei uma, com intuito de postar outra hoje.

Eu vou colocar no blog uma música que gosto muito, ela já esteve por aqui, mas cada vez que ouço, tenho vontade de ouvir muitas vezes. Canção do Mar é ela, e com a Dulce Pontes.

Boa tarde de domingo!

***

Sopro de Hilda Hilst


VI

Sorrio quando penso
Em que lugar da sala
Guardarás o meu verso.
Distanciado
Dos teus livros políticos?
Na primeira gaveta
Mais próxima à janela?
Tu sorris quando lês
Ou te cansas de ver
Tamanha perdição
Amorável centelha
No meu rosto maduro?
E te pareço bela
Ou apenas te pareço
Mais poeta talvez
E menos séria?
O que pensa o homem
Do poeta? Que não há verdade
Na minha embriaguez
E que me preferes
Amiga mais pacífica
E menos aventura?
Que é de todo impossível
Guardar na tua sala
Vestígio passional
Da minha linguagem?
Eu te pareço louca?
Eu te pareço pura?
Eu te pareço moça?

Ou é mesmo verdade
Que nunca me soubeste?

***

(é lindo isso!)

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sábado, 22 de novembro de 2008

sábado, 22 de novembro de 2008

Sábado Poesia

Imagem: Janela do interior

Título alternativo: Minhas sete música...parte 5! (agora só falta uma das sete, pois postei duas da primeira vez).

Outro título: Sábado, preguiça, cansaço, trabalho, música e poesia!

***

Sopro de Hilda Hilst

III

Se refazer o tempo, a mim fosse dado

Faria do meu rosto parábola
Rede de mel, ofício de magia
E naquela livraria
Onde os raros amigos me sorriam
Onde a meus olhos eras torre e trigo

Meu todo corajoso Poesia
Te tomava, Aventurança, amigo,
Tão extremada e larga

E amavio contente o amor teria sido.
(In: Júbilo, memória, noviciado da paixão)

***


Outra música que gosto e já que é sábado e combina com muita música. [Mistura não convencional Hilda Hilst com uma música pop? Ah, eu quero!]. E era essa que estava há dias na cabeça. Achei esse vídeo no youtube, mas não sei quem está cantando. As que achei com Cidade Negra e Lulu não gostei e achei essa interpetação bem gostosa de ouvir.


Bom sábado, vou trabalhar!


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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Barcelona e Antônio Gaudí

Imagem do Parque Güell

Inventar histórias não é meu forte, isto é, não sou escritora, muito menos ficcionista, mas quis inventar uma historinha para falar de Barcelona e Gaudí. Bobinha, sei, mas não sai muito mais daqui. Ainda mais cansada e com sono!

***

Clara acordou cedo, abriu os olhos e tentou lembrar onde estava. Olhou ao redor e lembrou: estava em um hotel no centro de Barcelona. Difícil acreditar que havia conseguido realizar o sonho que se desenhou desde o dia em que abriu uma revista e viu a foto de umas esculturas sinuosas, coloridas, repleta de pedacinhos de azulejos/cerâmicas. E para completar, aquela visão do azul do Mediterrâneo.

Quando leu a reportagem descobriu que era um ponto turístico em Barcelona e que tudo aquilo havia sido pensado por Gaudí. Naquele momento, imaginou que o lugar seria um dos muitos que iria conhecer ao longo da vida, fechou a revista e guardou seu sonho junto com ela, em um local qualquer acumulando poeira.

Em algum outro momento da vida, ouviu novamente falar de Gaudí e desta vez foi uma amiga, que tinha morado em Barcelona e comentava sobre a Igreja Sagrada Família. Clara, somente ouviu, mas desta vez foi atrás de outras informações sobre esse “nome”, que era o que ele significava para ela até então.

Antonio Gaudí, arquiteto, um ícone do modernismo catalão – um equivalente do art nouveau francês. Inicialmente foi influenciado pela arquitetura gótica e posteriormente adotou um estilo próprio. Sua obra mais notável é o Templo Expiatório da Sagrada Família.

Por essa época, e antes mesmo de entrar em contato com as obras de Gaudí, Clara já admirava o pintor Joan Miró – catalão como o outro – influenciada, que havia sido, por uma grande amiga artista plástica, que fazia escola de Belas Artes em Belo Horizonte. Nesse período fazia visitas “guiadas” pela amiga à exposições diversas. O estilo colorido e lúdico de Miró lhe fazia divagar.

Enfim, Clara já tinha algumas informações sobre o autor das obras que haviam lhe impressionado anos atrás. Pouco tempo depois deste episódio, foi convidada a participar de um congresso na Espanha, mais especificamente em Barcelona. No mesmo momento, foi como se alguém encontrasse aquela revista de anos atrás, soprasse o pó de cima dela e Clara visse novamente e limpidamente o que agora sabia completamente ser o Parque Güell.

Após essas recordações – que passaram rapidamente pela mente – Clara levantou, tomou um banho e desceu para se juntar aos amigos no saguão do hotel. Iam comprar um ticket, para o ônibus turístico que rodava a cidade toda e, parava em todos os pontos principais da cidade. O interessante é que podia ficar o tempo que bem entendesse nos lugares, pois os ônibus circulavam desde cedo até o anoitecer. E ela já tinha se planejado para ficar o dia todo no entra e sai de lugares e dos ônibus.
Ao chegar a Sagrada Família e olhar os milhares de detalhes nas paredes externas da obra, ela imaginou que Gaudí devia ter ingerido um alucinógeno ao pensar aquilo, sorrindo admirada com tanta beleza. Uma obra inacabada, uma obra em obras e que talvez jamais finalize. Ficou sabendo, no ônibus, que quando perguntado - por seus pupilos - sobre quando a obra seria concluída, o arquiteto teria dito que o cliente não tinha pressa, que Deus tinha a eternidade para aguardar a finalização.

No meio da tarde, Clara chegou ao Parque Güell, nada do que ela falasse, para descrever a sensação de estar ali, poderia ser compreensível para outras pessoas. Sentou-se num daqueles bancos coloridos e ficou mirando o Mediterrâneo no horizonte, na tarde quente do outono de Barcelona, ela sentiu soprar um vento frio em sua nuca e arrepiou-se, por algum motivo, que não saberia explicar, Clara sentiu naquele sopro a promessa de um futuro e um retorno.


***
Imagens do Parque Güell - Barcelona



Imagens da Igreja Expiatória da Sagrada Família - Barcelona







***

Sopro de Joan Brossa – poeta catalão - [Poema]

A neve cobriu o sol.
Te proponho este
poema. Dele
tu mesmo és o livre e necessário
intérprete.
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terça-feira, 18 de novembro de 2008

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Wood Allen - Vicky Cristina Barcelona

***

Cena do Filme Vicky Cristina Barcelona (acima) - Imagem de Wood Aleen e atores do filme (abaixo)


Vamos ao cinema? Bom, o que anda passando de interessante? Tem um filme novo do Wood Allen! Ah, não sabia, do que trata? Uma comédia de costumes que se passa em Barcelona. Uau! Wood Allen e Barcelona, ao mesmo tempo? Vamos ao cinema!

Wood Allen já foi um dos meus diretores de cinema favorito, não sou grande conhecedora da obra, mas vi alguns filmes em vídeo e no cinema, especialmente aqueles do final da década de 80 e vários de 90. Depois abandonei um pouco. Mas Wood Allen me impulsionou, por exemplo, a conhecer Ingmar Bergman (Morangos Silvestres foi o primeiro filme dele que vi), pela influência na obra de Allen.

Wood Allen, eu bem sei, não é daquelas figuras que causam uma boa impressão à maioria, contudo tem admiradores fiéis. Gosto dos filmes, entretanto uma vez ganhei um livro dele e não deu para ler todo. Enfim, uma coisa não necessariamente vem atrelada a outra.

Imagino que a história de Allen é mais ou menos conhecida, por isso faço uma retrospectiva só do pouco que sei, antes de falar no mais recente filme. Ele é um judeu americano, que já escreveu para televisão, teatro e cinema. Com comportamento controverso, já chegou a esnobar a Academia de Hollywood. Em 1977, seu filme “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” ganhou quatro estatuetas: Melhor Filme, Diretor, Roteiro Original e Melhor Atriz (Diane Keaton) e ele não foi recebê-las. Ficou em Nova York para tocar clarinete em um pub.

Falar em tocar clarinete, me lembra que uma das características, dos filmes antigos do diretor, é a trilha sonora, sempre ótima e com muito jazz. Sua paixão por Manhattan, a personalidade neurótica de seus personagens, a mãe judia protetora e tirana - segundo sua própria visão – são outros elementos recorrentes. Outra particularidade, presente por um período, foi ele escrever as personagens femininas para duas atrizes, que foram Diane Keaton e Mia Farrow (essa última tem uma história bem particular com ele, mas não é o mote do post).

Alguns dos filmes que vi e me impressionaram: Tudo o Que Você Queria Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar (1972 – achei hilário demais!); Rosa Púrpura do Cairo (de 1985); Hannah e Suas Irmãs (de 1986); Setembro (1987); A Era do Rádio (1987); Contos de Nova York (1989); Crimes e Pecados (1989); Maridos e Esposas (1992); Neblina e Sombras (1992); Um Misterioso Assassinato em Manhattan (1993) e Tiros na Broadway (1994). Os mais recentes eu não vi, nem em DVD.

O filme Vick Cristina Barcelona, me chamou atenção primeiramente por ter como cenário a Barcelona, de Miró e Gaudí [sobre o último farei o próximo post, espero a oportunidade faz algum tempo]. Os elementos neuróticos e sobre sexo de Allen, estão presentes. A boa música - constante da obra do autor/diretor- também está no filme.

Wood Allen tem um humor ácido, mas refinado e se não bastasse tudo isso, tem o interessantíssimo ator espanhol Javier Bardem, namorado de Penélope Cruz, que está no elenco também. Em relação à cidade em si, tem pouca coisa, alguns pontos turísticos, e, diga-se de passagem, os mais interessantes, aqueles que não têm como não conhecer.

Esse filme se diferencia um pouco dos outros filmes dele que conheço, pois tem uma luz mais amarelada e muitas cores, imagino com intenção de realçar o colorido da Espanha, em contraste com o cinzento do seu cenário predileto que é (ou era) Nova York. Também devo dizer que se aproxima mais dos filmes do “circuito comercial”. Mas como já tive oportunidade de dizer aqui, quando gosto, gosto e ponto! Enfim, eu gostei e se alguém ai, estiver com vontade de ver um filme bom, divertido, está recomendado. Foi excelente tê-lo visto no domingo.

***

Escrevi isso e fui atrás da crítica, se forem ver há diversas opiniões contrárias a minha, inclusive o povo de Cannes, que parece que não gostou também. Eu? Amei!

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Elenco: Scarlett Johansson, Penélope Cruz, Javier Bardem, Rebecca Hall, Chris Messina, Patricia Clarkson, Carrie Preston. Tem a música no vídeo do trailer.

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Sopros de Wood Allen [Vick Cristina Barcelona]

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domingo, 16 de novembro de 2008

domingo, 16 de novembro de 2008

Lua cheia - fotos e fatos

Título secundário: Minhas sete músicas...parte 4!


Ontem ao luar, nós dois em plena solidão...


Falar sobre a lua cheia todos já falaram não? Maior lugar comum impossível, eu mesma já publiquei aqui um pseudo-poema. Umas palavrinhas que me surgiram após uma noite em que fui acordada pelo clarão dela, algum tempo atrás. E apesar desse lugar comum, a lua cheia continua inspirando os enamorados, fazendo suspirar os que ainda não encontraram sua “alma gêmea” para curtir poeticamente uma noite de lua cheia.


É possível também, encontrar referência à sua influencia nas marés, no crescimento dos cabelos, no nascimento dos bebês e...nos surtos psicóticos. Confesso que disso tudo, o que posso mesmo crer é que a lua influencia na mente de uma forma intensa [por isso as psicoses? Sei lá!]. Semana passada, mesmo numa correria louca, tive a oportunidade de olhar o céu e admirar uma lua maravilhosa.


Ando que nem ela - a lua - em fases, e essa minha fase é de fotografar. Apesar de ser uma paixão [escritora, fotógrafa, pintora, escultura e mais uma porção de coisas frustradas], de vez em quando relaxo com isso, pois fotografar com uma “maquininha bobinha”, não tem sentido. Enfim, sei que ando clicando com ou sem máquina adequada. E quando vi aquela lua encantadora, louca, não tive dúvidas, fui pegar a máquina.


Problema é que, eu precisava ajustar a câmera para captar, pois à noite, não é como de dia, enquadrou, apertou o botão da máquina digital e está feito. E para mim - a super fotógrafa amadora - sempre foi uma dificuldade fazer os ajustes para noite. Mas fui, tentei e consegui. Fiquei tão feliz que publiquei a foto aqui. Nem sei se alguém viu, mas para mim estava ótimo, eu fiz uma bela foto da lua cheia, com uma máquina sem recursos. No outro dia (o primeiro dia foi na quarta-feira, 12/11) consegui outras fotos interessantes, pois tinha nuvens e eu consegui captá-las.


Agora eu tinha as fotos e o que escrever sobre elas? [Pois eu as fiz pensando – especialmente – no blog]. Óbvio que pensei muitas coisas, mas não deu muito certo. Lua cheia combina com paixão...com loucura...com tanta coisa, não? Para mim, desta vez combina com uma poesia de Catulo da Paixão Cearense, que já postei em forma de música – aqui e no falecido Tagarelas. Antes publiquei a canção, agora publico a letra. Ela chama-se “Ontem ao luar” e eu amo essa letra, a melodia, a sensibilidade do autor, a lembrança que é ouvi-la na voz de Fafá de Belém, enfim, amo tudo nessa música/poema.


Para completar a história da lua, vou mencionar mais uma das minhas sete músicas inesquecíveis. Para combinar com lua cheia, lembrei de uma música que gosto demais, de um CD que ouço sempre, da Ana Carolina. A composição é de dois gaúchos, Totonho Villeroy e Bebeto Alves (para quem não sabe, o Bebeto é pai da Mel Lisboa – fofoca de celebridade? Só de passagem!).


Voltando: a música é Louca tempestade. Eu aproveitei um monte das minhas fotos da lua cheia e mais outras, que fiz no tal passeio turístico e em viagens por aí.

***

Sopro de Catulo da Paixão Cearense/Pedro de Alcântara

Ontem, ao luar, nós dois em plena solidão
Tu me perguntaste o que era a dor de uma paixão.
Nada respondi, calmo assim fiquei
Mas, fitando o azul do azul do céu
A lua azul eu te mostrei
Mostrando-a ti, dos olhos meus correr senti
Uma nívea lágrima e, assim, te respondi
Fiquei a sorrir por ter o prazer
De ver a lágrima nos olhos a sofrer
A dor da paixão não tem explicação
Como definir o que eu só sei sentir
É mister sofrer para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunta ao luar, travesso e tão taful
De noite a chorar na onda toda azul
Pergunta, ao luar,do mar à canção
Qual o mistério que há na dor de uma paixão
Se tu desejas saber o que é o amor
E sentir o seu calor
O amaríssimo travor do seu dulçor
Sobe um monte á beira mar, ao luar
Ouve a onda sobre a arei-a a lacrimar
Ouve o silêncio a falar na solidão
De um calado coração
A penar, a derramar os prantos seus
Ouve o choro perenal
A dor silente, universal
E a dor maior, que é a dor de Deus


***


Vídeo "by me": Uma louca tempestade - Ana Carolina
Sei que chato ficar esperando carregar vídeo, mas com tem fotos da lua, de tempestade vindo, de chuva e mais. Se vocês tiverem um tempo...carreguem e voltem.
Muito boa semana meus queridos!

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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Varal de Fotografia

Visão do Palácio do Piratini, a partir da Praça da Matriz

Encerrando a semana que marquei como a da Feira do Livro, a homenagem aos meus amigos moradores de Recife e do meu passeio turístico na cidade onde moro, vou expor algumas fotos que fiz durante a caminhada, para mostrar um pouco dos ipês e jacarandás floridos que tenho mencionado por aqui [a cidade está particularmente linda, cada vez que olho para esse "monte" de árvores é como se eu estivesse recebendo um buquê de flores, me sinto e agradeço a Deus por ser agraciada com essa beleza].

Uma época tinha um grupo de amigos fotógrafos e para divulgar seu trabalho, eles realizam varais de fotografias ou se fossem escritores, de poesia. Enfim, era uma possibilidade de mostrar um pouco da produção, já que é uma mínima parcela de artista que pode viver de sua arte. Hoje, utiliza-se a internet, apesar de eu achar que uma praça lotada no fim de semana, ainda pode servir a este fim.

Bom, eu não tenho a pretensão de me auto-intitular de fotógrafa, não sou, mesmo que eu já tenha feito umas boazinhas. As de hoje não ficaram tão boas, mas vou partir do princípio do “que vale é a intenção”.


Cúpula da Igraja da Matriz e Centro Administrativo (visto do alto, próximo a igreja da Matriz e Piratini)


Ipês amarelos e Jacarandá lilás na Praça da Matriz


Praça da Matriz (redondezas: Igreja, Teatro São Pedro, Assembléia Legislativa e Palácio do Piratini)



Por último o sopro do poeta de Alegrete que amava Porto Alegre, Mário Quintana.

[Respondi comentários no halos anterior]

***


Sopro de Quintana - O Passeio

...mas não vi o crepúsculo - onde aqueles crepúsculos de Porto Alegre, de uma beleza pungente até o grito?

- Sim, cadê o crepúsculo?

- O gato comeu!

O gato se chama arranha-céu, que aliás, ao que parece, ninguém mais chama desse jeito. Esvaziou-se o espanto.
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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Feira do Livro em Porto Alegre... parte 2

Título alternativo: Sopros da Instalação sobre Gilberto Freyre



Como evento complementar à Feira do Livro de Porto Alegre, está acontecendo uma instalação – digo isso, pois é mais que uma simples exposição – sobre a vida e a obra do intelectual pernambucano Gilberto Freyre. Algumas das informações deste post foram retiradas do material de divulgação entregue no local.

Gilberto Freyre foi sociólogo, político, poeta, contista e pintor. Talvez sua obra mais famosa seja Casa Grande e Senzala, considerada uma obra clássica e revolucionária da sociologia brasileira. Integrou um movimento de valorização da cultura popular conhecido como Centro Regionalista e dirigiu a Semana Regionalista, que foi uma resposta nordestina à Semana de Arte Moderna de 1922 [aquela que todos estudamos e que tem como representantes mais “comentados”, Oswald de Andrade e Mário de Andrade]. Em uma rápida busca na rede, é possível encontrar textos mais qualificados, que o meu, sobre o autor.


O Local: o Santander Cultural é um prédio histórico, localizado na Praça da Alfândega, e abriga um espaço de cultura belíssimo. Lá é possível ver uma exposição, assistir um show ou um filme, além de ter uma livraria muito charmosa, na qual é possível encontrar livros ótimos. Eu vi uns sobre fotografia, maravilhosos. Infelizmente não consegui uma foto, pois é proibido.

A instalação: gostei bastante da idéia, pois eles dispuseram os documentos, pinturas, fotos, livros e tudo mais, como se fosse uma casa antiga (alguma referência à Casa Grande e Senzala?). Os estandes foram montados como paredes, havia armários de madeira, gavetas presas às paredes, móveis como se fossem longas mesas, com tampo de vidro [dentro, os documentos e fotos] e cadeiras onde é possível sentar e ler tais documentos.

Ao abrir uma gaveta ou armário, estavam lá mais objetos. Um armário lotado de latas com rótulos de Assucar, título de um dos livros dele, cujo conteúdo é receitas de doces e bolos do Nordeste. E na parte de trás do rótulo as receitas de alguns deles.

Entre os documentos, cartas enviadas e recebidas - entre os destinatários e remetentes, estava Carlos Drummond de Andrade. Convites personalizados para jantares vários países da África, Europa. Por fim, expostos “nas paredes da casa” a capa de todos seus livros, pinturas, entrevistas. Posso dizer que fui e voltei várias vezes, sempre encontrava algo que não havia visto na passada anterior.




Caso a sua cidade receba essa instalação, eu indico, uma linda e merecida homenagem.

Mais um espaço do estado de Pernambuco na 54ª Feira de Livro de Porto Alegre.



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domingo, 9 de novembro de 2008

domingo, 9 de novembro de 2008

Feira do Livro em Porto Alegre... parte 1

Título alternativo: A explicação inicial.

Foto de um espaço da feira, alguma coisa do MARGS, e as palmeiras.

Eu alterno períodos de bom humor e outros de humor duvidoso. Já fui muito pior na vida, mas idade me fez bem – pelo menos nesse aspecto. Digo isso por que no post do outro fim de semana, estava reclamona e depois me dei conta que tinha uns bons motivos para me alegrar. Motivos que citei: os jacarandás e ipês de Porto Alegre estão floridos – lindos! – e a Feira de Livro que iniciava naquele final de semana.

Esse - fim de semana - eu fiquei de bobeira – isso é raro na minha vida de professora – não que eu não tivesse trabalho a fazer, mas sinceramente, ninguém merece, nem professor [já que profissão, em geral, se escolhe], trabalhar sete dias por semana.

Sábado foi dia de reunião com amigos e comilança. No domingo acordei tarde e decidi que faria um programa cultural, sozinha, pois tem coisas na vida que todo mundo deveria experimentar fazer sozinho. Visitar uma exposição, ir ao cinema... bom eu gosto da solidão, então nem vou alongar esse assunto, pois caso contrário perderia o objetivo do post. Certo é, que sequer dei um telefonema para conseguir companhia. A idéia era ser turista na cidade onde moro e visitar a Feira do Livro, uma exposição e fotografar - uma das minhas paixões na vida.

A feira do livro de Porto Alegre está na sua 54ª edição e acontece na Praça da Alfândega, no centro comercial histórico da capital gaúcha. Porto Alegre é uma cidade interessante, pois apesar de ser um centro de cultura, uma capital, ela resguarda uma pitada de provincianismo. É uma cidade especial, acreditem em mim, sei do que estou falando. Não sou portoalegrense, sou simplesmente uma cidadã portoalegrense. Pois se há uma coisa que sei ser é cidadã e não pactuo com bairrismo. Sou passional, ah! infelizmente, isso sou. Se gosto, gosto mesmo!

Voltando: a Feira do Livro é um evento em Porto Alegre, desde sempre. As pessoas se planejam para visitar a feira, uma quantidade de escritores importantes passam por lá, tem um prêmio, que o Fato Literário (outra história), tem patrono, tem e tem... monte de coisas. O fato é que, Porto Alegre respira literatura nessa época do ano. Tem show de música também. Não é que nem Paraty, mas para nós é muito mais importante.

Na época em que eu me identificava como estudante [antes de ser profe] era lá que encontrávamos os amigos da universidade, nem sempre para ver livros [pois todas as livrarias proporcionam descontos por conta da feira], mas para ver um show do Nei Lisboa [tem show do Nei, 10 anos de Hi-Fi e eu não fui, não vou!] ou a banda de jazz do Luiz Fernando Veríssimo (entre outros) e beber umas cervejas. É lotado, você não consegue ver com calma os livros, mas é um fervo, é bom, é vida, é cultura. As pessoas vão passear e aproveitam para comprar o livro que vão levar para as férias [meus alunos me disseram isso, que iriam comprar livros para ler nas férias].

Eu já havia ido à feira esse ano, saí do trabalho e fomos eu e uma amiga, olhamos os livros, preços, pois nos dias úteis é menos lotado que no findi [não pretendo comprar nada, minha estante está lotada]. E domingo, voltei sozinha, pela manhã (ainda não estavam abertas as bancas), pois queria ir ao Santander Cultural, ver as exposições sobre Gilberto Freyre e Ariano Suassuna, e...”sacar” fotos. Saí com o claro objetivo de ser turista (não tenho problema nenhum em ser turista, adoro viajar, vou falar sobre isso...outra hora).

Bom, desde sempre sabia que esse assunto renderia uma semana de posts para o Sopros. Eu também falei, no dia que mencionei o evento, que o estado de Pernambuco está sendo homenageado na Feira e tenho várias coisas para falar sobre isso. O Ariano Suassuna veio participar da abertura e há outras tantas coisas que pretendo mencionar.

Enfim, fiz meu tour pela cidade onde moro, caminhando e fotografando, cheguei antes do povo lotar e sai quando começou o movimento, fotografei Porto Alegre na primavera-verão e tive um domingo ótimo, pois me permiti ser feliz sozinha.

Vou mostrar e comentar as fotos ao longo da semana. A 54ª Feira do Livro de Porto Alegre homenageia Pernambuco e eu tenho dois novos amigos que conheci por conta do Sopros – e que já me são muito caros - que moram em Pernambuco, Naty e Álisson da Hora , essa semana o meu carinho, minhas imagens e meus posts são todos em homenagem a eles. E se não concordarem com minhas opiniões, não se constranjam em dizer – os dois. E os demais amigos também. :)

***

Sopros de imagens minhas


Uma imagem de algumas bancas da 54ª Feira do Livro de Porto Alegre

Imagem da Praça da Alfândega, que abriga a Feira do Livro de Porto Alegre

Outra imagem da Feira, bem perto do Santander Cultural

Imagem do "estande" do Governo de Pernambuco, que abriga obras de escritores pernambucanos

Banner do Governo de Pernambuco - estado homenageado na 54ª Feira do Livro de PoA/RS
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sábado, 8 de novembro de 2008

sábado, 8 de novembro de 2008

Minhas sete músicas...parte 3

Seguindo o barco sobre as músicas preferidas, vou postar uma música do Lenine e que acho, tem relação com o post anterior. Eu acho muito bonita.
Bom fim de semana para quem visitar o Sopros.




A letra da música:

Paciência (Lenine e Dudu Falcão)


Mesmo quando tudo pede/ Um pouco mais de calma/ Até quando o corpo pede/ Um pouco mais

de alma/ A vida não pára...Enquanto o tempo/ Acelera e pede pressa/ Eu me recuso faço hora/

Vou na valsa/ A vida é tão rara...Enquanto todo mundo/ Espera a cura do mal/ E a loucura

finge/

Que isso tudo é normal/ Eu finjo ter paciência...O mundo vai girando/ Cada vez mais veloz/ A

gente espera do mundo/ E o mundo espera de nós/ Um pouco mais de paciência...Será que é

tempo/ Que lhe falta prá perceber?/ Será que temos esse tempo/ Prá perder?/ E quem quer

saber?/ A vida é tão rara/ Tão rara...Mesmo quando tudo pede/ Um pouco mais de calma/ Até

quando o corpo pede/ Um pouco mais de alma/ Eu sei, a vida não pára/ A vida não pára

não...Será que é tempo/ Que lhe falta prá perceber?/ Será que temos esse tempo/ Prá perder?/

E quem quer saber?/ A vida é tão rara/ Tão rara...Mesmo quando tudo pede/ Um pouco mais

de calma/ Até quando o corpo pede/ Um pouco mais de alma/ Eu sei, a vida não pára/ A vida

não pára não.../ A vida não pára!.../ A vida é tão rara!...

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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Carrossel das estações-emoções

O Carrossel - Mark Gertler (1916)


Primeiro o inverno e a primavera se misturam e depois primavera e verão se confundem. As estações movimentam-se, alternam-se, como naqueles carrosséis dos parques de diversão – girando, girando – [pensando bem, isso pode provocar vertigem].

Mas o início do calor leva as pessoas aos parques e nessa época tudo fica irremediavelmente colorido: árvores florescem, as roupas, as frutas... Todos com a intenção de arejar o corpo e a mente que viveu enclausurada no inverno.

O inverno tem seus sabores especiais, mas é introspectivo. E mesmo o mais dedicado amante da estação se regozija com os primeiros calores. Lógico que passado algum tempo, “estamos todos saudosos do aconchego proporcionado pelo frio. Mas reclamar do tempo é um hábito incurável: os vizinhos que se encontram no elevador, falta de assunto? que frio né?, que calorão é esse?! O cumprimento de amigos que encontram-se ocasionalmente [ou mesmo rotineiramente]: e esse frio, hein?, nossa, que bafo! [tempo abafado]. E os dias passam e as estações se movimentam, independente da vontade de todos.

ora quem é que não sabe/ o que é se sentir sozinho/ mais sozinho que um elevador vazio/ achando a vida tão chata do que um cantor de soul... (Zeca Baleiro)

O horário de verão também gera polêmica e assunto para os quatro meses, sempre tem alguém para reclamar. Mas é um espetáculo sair do trabalho com o sol alto e poder ir caminhar num parque e ver a vida durante o dia, que geralmente não ocorre nas outras estações do ano.

Ao observar as pessoas no parque numa tarde/noite de verão, é possível divagar sobre uma quantidade de coisas. Aquele casal conversando no banco, ele eloqüente, ela mirando seus olhos com ar apaixonado; o casal mais maduro, vestidos elegantemente – um casal de executivos, advogados? Saindo do bar à beira do lago, indo em direção ao carro – quem sabe um caso de amor proibido?... As moças magricelas, suando a camiseta com intuito de serem ainda mais magrelas; as cheinhas – sonhando com um corpo magrelo; as gordinhas, os gordinhos, todos quem sabe tentando entrar em forma para conquistar um novo amor ou simplesmente o amor. Quem sabe sonhando em chegar ao próximo inverno com um par? Idosos que caminham em sua marcha lenta, mas firme, sem a ansiedade dos mais jovens, almejando aproveitar os sabores de um outro inverno. O pai que joga futebol com o filho na grama do parque, aproveitando a possibilidade desse encontro à luz de do sol...

...não quero ser triste como o poeta que envelhece lendo Maiakóvski na loja de conveniência, não quero ser alegre como o cão que sai a passear com seu dono alegre sob o sol de domingo... (Zeca Baleiro)

As estações se movimentam, a roda do tempo gira e em cada pessoa uma história, uma expectativa... Nós até podemos parar, mas certamente não porque o mundo parou... Tem uma porção de gente com esperanças renovadas para a nova estação.

...não quero ser estanque como quem constrói estradas e não anda, quero no escuro, como um cego, tatear estrelas distraídas...(Zeca Baleiro)

Sopro de Pablo Neruda [Se cada dia cai]

Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.
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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O Bruxo do Cosme Velho

Eu queria uma foto do Rio Antigo, mas resolvi colocar essa, que eu fiz um dia...está meio ruim, pois foi digitalizada.


Eu iniciei essa vida de blogar lá no Tagarelas Assumidas e foi meio no tranco, se dependesse de mim não começaria, pois sou muito lenta, necessito de uma energia de ativação enorme para algumas coisas, como me expor. A idéia era juntar uma mulherada que gostava de bater papo.

O Tagarelas acabou, sumiu do ar, e estou tentando recuperar alguns textos de lá pra cá, pois como ando sem a energia de ativação necessária para postar, vou me repetir. Sempre mudo alguma coisa do texto que escrevi antes e postei e “re-postei”, buscando erros e outras coisas. Afinal sou somente uma mortal e não uma escritora.

O texto era uma referência aos 100 anos da morte de Machado de Assis, vou suprimir algumas partes do anterior, pois quero também colocar um trecho de Memórias Póstumas, que anotei e encontrei mexendo em uma agenda antiga. Encantei-me novamente com a “descrição de sentimentos”.

***

Não tenho outra forma de escrever aqui se não sobre coisas que gosto. Sou uma pessoinha de muitos gostos e muitos des-gostos também. A literatura sempre foi muito presente na minha vida. Lembro como me agradavam as minhas aulas de literatura, sempre me dava bem e esse interesse perdurou pela vida toda, pois continuo adorando ler.

Esse ano comemora-se 100 anos da morte de Machado de Assis, um dos escritores que mais li desde as aulas de literatura. Sei também que tem muita gente que não gosta dos escritos dele e deve ser um sofrimento ler Machado por obrigação, mas enfim, cada um cada um... A obra é farta, são romances, poesias, contos e peças de teatro. A obra também já foi adaptada ao cinema, televisão. Gosto de várias coisas, mas meus prediletos são O Alienista, Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro em 1839 e faleceu em 1908. Em 1897, ele e outros intelectuais fundaram a Academia Brasileira de Letras, sendo seu primeiro presidente e até hoje a ABL é conhecida como a casa de Machado de Assis. Esses dias eu, descobri por acaso que os livros dele estão on line no
Portal Domínio Público , do Ministério da Educação. Quem quiser dar uma olhada lá, vai poder assistir a um vídeo sobre o Bruxo do Cosme Velho.

***

Sopro de Machado de Assis

A dor cedia alguma vez, mas cedia à indiferença, que era um sono sem sonhos, ou ao prazer que era uma dor bastarda. Então o homem flagelado e rebelde, corria diante da fatalidade das coisas, atrás de uma figura nebulosa, esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a agulha da imaginação; e essa figura – nada menos que a quimera da felicidade – ou lhe fugia perpetuamente, ou deixava-se apanhar pela fralda, e o homem cingia o peito, e então ela ria, como um escárnio, e sumia-se como uma ilusão.
(Delírio – Memória Póstumas de Brás Cubas)
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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Minhas sete músicas...parte 2

Título alternativo: foto, música e poesia

Vou seguir a postagem relacionada ao meme das músicas que gosto, ou que ouço bastante...no meu caso que gosto ou ouvi muito. Sou bastante eclética, tenho dito em alguns lugares, vou de música clássica até coisas mais populares, mas o que não entra na minha seleção jamais é pagode, sertanejo e funk. Bom, deve ter uma variação dessas coisas aí também, mas tenho outros gosto poulares. :)

Vejamos então:

Paralamas: eu acho esse vídeo bem legal e claro a música também. Entre vária deles, escolhi essa, mas são tantas...

Ainda tenho que postar mais quatro. Hoje é só uma, fica mais fácil de ver.

Aos que me visitam, uma semana iluminada

Para finalizar o post e iniciar a semana uma poesia do Quintana.

***

Sopro de Mário Quintana [Quem ama inventa]

Quem ama inventa as coisas a que ama

Talvez chegaste quando eu te sonhava.

Então de súbito acendeu-se a chama!

Era a brasa dormida que acordava...

E era um revôo sobre a ruinaria,

No ar atônito bimbalhavam sinos,

Tangidos por uns anjos peregrinos

Cujo dom é fazer ressureições...

Um ritmo divino? Oh! Simplesmente

O palpitar de nossos corações

Batendo juntos e festivamente,

Ou sozinhos, num ritmo tristonho..

Ó! meu pobre, meu grande amor distante,

Nem sabes tu o bem que faz à gente

Haver sonhado...e ter vivido o sonho!

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sábado, 1 de novembro de 2008

sábado, 1 de novembro de 2008

Posto que é sábado

Gravura Jenny Holm

Tenho a maior vontade de ser sempre uma pessoa otimista e alto astral [mesmo com a minha tendência melancólica], mas tem horas que é simplesmente impossível. Alguém me grita daí o motivo da necessidade que o ser humano tem em destruir?...(dasabafo)...

...enfim!

Mais um fim de semana chegou e eu estou torcendo mesmo é pelo final do ano, por muitos motivos diferentes, mas é um momento de sair da rotina e isso é muito bom para eu não entrar em surto.

Ontem havia o lançamento de um determinado livro, em uma determinada livraria aqui e eu passei sem querer por lá. Não lembro muito bem o título exato, mas o tema era o “nadismo”. Não, eu não escrevi errado, não é “nudismo”, é “nadismo” mesmo. Desculpem, mas não vou entrar no Google e procurar sobre isso. E não tenho intenção de ler o livro...

Ouvi algumas respostas do autor e pude verificar que se trata de uma experiência ou um comportamento que tentar “esvaziar” (invenção minha) a mente, não pensar em “nada”, nadismo...planejar-se para não pensar nada.

Eu bem que gostaria, mas minha mente anda cada vez mais ocupada, com coisas sérias e outras nem tanto. Aliás, eu poderia prescindir das coisas não sérias, pois na maior parte do tempo vira um incômodo desnecessário.

Quando começa assim eu preciso de férias... nada mais me consola...Nem fazer posts para esse blog. Mas espero sinceramente que vocês não estejam tão cansados quanto eu. E também não sei de que estou reclamando, os dois últimos dias foram de sol brilhante, céu azul, brisa fresca no final da tarde e muito colorido de ipês roxos e amarelos. E ainda por cima, começou a Feira do Livro na Praça da Alfândega e tem como convidado especial o estado de Pernambuco, sendo representado por Ariano Suassuna. Acho que vou lá no sábado à tarde...

Bom fim de semana.
***
Sopro de Fernando Pessoa

Há doenças piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta cousa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo de amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.

(19/11/1935)
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