segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Carta 1: bobagem e música



Querida Val,

Já faz um tempo que tenho vontade de te escrever, mas meus dias estão cada vez mais insuportáveis, o trabalho tem me absorvido de maneira extrema. Tudo o mais tem ficado em segundo plano. Hoje o dia foi particularmente complicado. Imagina aqueles dias que quase tudo dá errado! Pois é, esse foi o meu, não sei mais como me desenrolar de conflitos. Certamente não foi por falta de avisos, pois quando escolhi trabalhar com gestão de recursos humanos já deveria estar preparada e muitos me disseram que seria uma bobagem, logo eu!

Entretanto, nunca se está verdadeiramente preparado para nada nessa vida! Pelo menos pessoas como eu, né? Sou mesmo uma pessoa fraca e facilmente irritável, não sei convencer, não sei liderar. Então como fui escolher essa profissão? Você que me conhece melhor que qualquer outra no mundo, me diga: por que eu tenho essa tendência a me envolver em situações ou coisas que depois não sei como sair? Se você não puder me ajudar, acho que ninguém mais pode.

Certo, sei que é uma enorme responsabilidade, essa que coloco em suas mãos, mas hoje me sinto desesperada. Não imaginava, que nessa época do ano, ainda estaria com tantos problemas para resolver.

Outra coisa que queria comentar contigo: sabe aquela pessoa, de quem te falei? Sumiu! Eu já estava ficando bem interessada, mas sabe como sou: prioridade sempre é tudo, menos minha vida pessoal. Enfim, já faz duas semanas que não me liga, não aparece nas reuniões com amigos comuns. Acho que já está em outra. Claro, quem vai ter paciência com uma neurótica que só conversa sobre trabalho, desmarca cinema por conta de reunião?

Val, tudo isso acontecendo na minha vida, eu querendo conversar contigo, e tu com essa implicância com tecnologia. Já ouviu falar em 3G? Sou capaz de lhe dar um notebook e pagar um aparelhinho desses para possas te conectar na rede. Mas não, tenho que esperar uma semana para que você receba minhas cartas via correio. E esse lugar, onde você foi se esconder, não tem nem sinal de celular decente! Pensando bem, essa história de 3G não vai funcionar para ti.

Amiga, vê se volta vai?! Desiste dessa idéia de vida naturalista, ou sei lá como se chama, e volta aqui, para nós tomarmos uma cerveja e jogar conversa fora (e olhar a bunda de alguém, como diria o Nei Lisboa). Bem sabes que a Leila e a Ana não conseguem me entender e não têm paciência comigo. Não sabem nem delas mesmas!

Creio que essa carta já está longa e eu ainda quero colocar no correio hoje, aproveito e saio uma hora mais cedo do trabalho e me livro de ter que olhar para essas caras descontentes. De qualquer forma desabafei e já me sinto outra, imagina se conseguíssemos conversar no messenger!

Aguardo uma carta tua na minha caixa de correio.

Saudades e muitos beijos.
Com carinho,

Sofia

P.S1. Fala pro Paulo que mandei beijo para ele também.
P.S2. Te mando duas fotos: uma mais velha do Gasômetro e outra foi uma tentativa de captar a lua crescente.



***
Sopro de Zeca Baleiro - Telegrama