quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Alfonsina Storni e o mar

Monumento à Alfonsina Storni em frente a praia La Perla em Mar del Plata


Continuo dizendo que muita coisa que publico aqui no Sopros, se escolhem, não eu que escolho. Já há dias penso nessa música e em outro fiquei horas tentando achar uma versão midivoice para o blog. Na seqüência decidi que gostaria de contar um pouco sobre a história da personagem-tema, pois quando a conheci, gostei tanto, e se a música já me emocionava, quando eu não sabia que tratava-se de uma “história real”, imagine depois de saber. Um grande amigo me contou um dia e agora fui buscar uns pedacinhos na Wikipédia para contar aqui.

Conheci a música Alfonsina Y El mar antes de saber da poetisa Alfonsina Storni e de conhecer a história dela. Ouvi a música primeiramente com a Mercedes Sosa e depois na voz da cantora brasileira Simone – que particularmente não gosto, nem da voz, nem da maioria do repertório. Mas Alfonsina, eu gosto.

Alfonsina Storni, nasceu na Suiça, mas foi criada na Argentina, na província de San Juan. O pai escolheu o nome “melancólico e raro”, sobre o qual Alfonsina diria mais tarde: “me chamaram Alfonsina, que quer dizer disposta a tudo”. Em 1911, com uma vida cheia de aventuras, muda-se para Buenos Aires e lá tem um filho de pai desconhecido, sendo por isso e por outras atitudes definida como uma mulher que enfrenta radicalmente a sociedade. O material sobre sua “vida literária” é amplo na internet, mas a idéia é mesmo chegar ao tema da música, ou o porque da música. Então vamos a isso.

Em 1935 foi operada de câncer de mama e a cirurgia a deixa com grandes cicatrizes físicas e emocionais. Sempre tivera problemas de depressão, paranoia e ataques dos nervos. Transtornos mentais esses, que se agravam por conta da mastectomía. E em 1937 o amigo escritor uruguaio Horacio Quiroga, suicida-se e ela dedica-lhe versos com prenúncios de seu próprio final.

Em 1938, com câncer terminal, Alfonsina envia - de Mar Del Plata – carta para seu filho Alejandro e um poema de despedida para o Diário La Nación. Numa madrugada, Alfonsina dirigiu-se ao mar, os biógrafos dizem que se atirou de um rochedo e a lenda, que ela foi caminhando lentamente até se afogar. Pela manhã, dois trabalhadores acharam seu corpo.
Seu suicídio trágico inspirou a canção Alfonsina Y El Mar, Ariel Ramirez e Félix Luna, que foi interpretada por inúmeros músicos do idioma espanhol. Destacam-se as versões de Mercedes Sosa, Victor Jara, Andrés Calamaro e The Clash, segundo as informações que coletei, pois não conheço todas.

Não tenho condições de traduzir adequadamente toda a letra da música, compreendo, mas não vou fazer essa injúria, portanto destaco – em tradução literal para o português - umas duas frases, que acho lindas:

Sabe Deus sabe que angústia te acompanhou/Que dores antigas calou tua voz... Te vais Alfonsina/com tua solidão/que poemas novos foste buscar...

Deixo um vídeo na voz da Mercedes Sosa.