quarta-feira, 9 de maio de 2012

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Saudade!




Hoje senti uma saudade da época que o blog era a principal "rede social"!!
Cada dia que passa sinto o tempo correndo e até acontecimentos relativamente recentes, são "passado".
Isso é vida, mas é sempre "estranha" a adaptação!
Tudo é muito rápido e quem é, ou quer ser, mais lento não se enquadra e por isso a saudade.
Saudade dos amigos que fiz aqui e hoje nem sei mais por onde andam.
Saudade!!
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sábado, 10 de dezembro de 2011

sábado, 10 de dezembro de 2011

Aniversário de Clarice Lispector


Notas de Clarice Lispector - porque fazia tempo que eu não falava, e não falava dela, que nasceu em 10 de dezembro de 1920 (pelo menos a data oficial!)

***

Eu, alquimista de mim mesmo. Sou um homem que se devora? Não, é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim em cada um dos meus modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e Deus.

Vivo em escuridão da alma, e o coração pulsando, sôfrego pelas futuras batidas que não podem parar. (Clarice)

***

Saudade

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida. (Clarice)

[Nota minha: e quem há de dizer que nunca se sentiu assim?]
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domingo, 2 de outubro de 2011

domingo, 2 de outubro de 2011

Poesia (des)falecida

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Posso simplesmente não dizer nada?

Posso simplesmente te querer?

Posso levar meus olhos a passear pela tua ausência,

sentindo o teu buscar nas minhas retinas

que enxergam flores em janelas debruçadas de dor?

Posso querer te mostrar meu olhar pelo mundo e meu mundo,

que se limita ao meu pensar atravessado pela tua poesia suplicante?

Quero querer e poder navegar meus olhos transbordantes de cinza,

que são tingidos pelas flores róseas, lilases e vermelhas das azaleias,

dos ipês e dos gerânios.

No meu cinza não há deserto,

há uma aquarela pintada pela vontade de viver amando o que pode ser amado,

de carregar para dentro de mim - trazido na palma da mão –

o universo todo que me encanta,

desde as palavras até os palácios que vi e aqueles que imaginei.

Posso te dizer que me encantas com um pulsar inexistente de poesia falecida?

Posso?
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terça-feira, 26 de julho de 2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

De medos e descrenças

Imagem: Viktor Vasnetsov [A Donzela na neve]

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Num dia, fé pura

noutro, descrença que sofria.

Quase suplicava pela fé dos muito crentes,

que ignoravam crueldades e ultrapassavam todas as dores.

Almejando alcançar o reino prometido,

enxergavam justiça no caos do dia-a-dia,

que ela simplesmente não via.

Olhava a lua que espelhava a verdade dos medos e inseguranças,

tudo bem camuflado por baixo dos tapetes de gelo

que lhe forravam a alma desengonçada-de-não-saber-viver.

Escondia os receios na ponta de cada esperança

que acendia no alvorecer e morria quando a lua cheia

lhe atravessava com verdades que teimava não enxergar.

Hoje é julho e um tempo de genuína dissintonia.

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domingo, 15 de maio de 2011

domingo, 15 de maio de 2011

Pôr de son(h)o


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O pôr do sol visto através da janela do avião parecia anunciar um incêndio no além. Não pensar era o objetivo da viagem, mas ao mirar o horizonte, um pensamento lhe vem à cabeça: “para o além deste infinito há um fogo para acender a vida que se fez cansada e apagou sem deixar brasa”. Nas cinzas mornas que ficaram juntas, o prenúncio de que nem tudo estava perdido, afinal elas não se espalharam ou se perderam quando aquele vento soprou. A viagem seria longa e, portanto demorada, mas o sol que tingia o horizonte - de maneira tão singular - imprimiu uma sensação de paz que não saberia explicar. E a sensação se infiltrou na alma, como a água derramada sobre a folha do papel: você virá um dia. Subverterá a calmaria do azul, com seus tons quentes de laranja e vermelho? Virá e ultrapassará as nuvens carregadas de dores melancólicas para pousar no chão da sala, esparramando a poesia que ficou enclausurada? Era certeza e era dúvida. Por fim conformou-se que não veria impresso na lua - que surgiu ao escurecer - o rosto sorridente que lhe fazia pulsar nas remotas noites invernais, pois este sim, o verão tinha carregado naquele sopro quente. Se tudo não foi sonho, foi o sono que lhe fez alucinar. Aguardou o momento de libertar-se das palavras que se comprimiam no peito e deixavam a existência sem as temperaturas e as cores do outono que apreciava e acalmavam.

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A imagem peguei na internet - sem autoria
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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

De verões

Hotel Room - Edward Hopper


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Os papeis atirados no chão da sala.

O sol vertendo seu sangue lá fora;

Gotas de suor jorrando da testa,

molhavam os pedaços da vida.

Vida! Sem idade para esperanças, olhava o passado atirado no chão.

mas houve um tempo de acreditar:

tempo de cartas e roteiros de viagem,

olhos navegando no passado,

como se fosse o ante(ontem) latejante.

Todas aquelas palavras contavam de lugares, falavam de pessoas,

uma melancolia de verões (ou)tonos do passado.

Visitava sons, aromas e sabores.

Ao voltar, atirava no lixo a vida que fluía de cada pedaço de papel.

Outras estações sucediam, e o suor,

- que o sol impunha ao verão –

borrava a visão e talvez fossem lágrimas de um verão de transição, de mudanças,

que há anos lhe espreitavam a existência,

sorrateiramente disseminando a necessidade de intervir.

Outros papeis e outras viagens

rolavam atiçados pelo sopro quente

e a urgência em tomar a vida de volta,

deixar para trás as angústias de sempre

O sol ... queimava sua alma.

Mesmo estando à sombra sentia

o sangue do sol gotejando pela testa.



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30-31/01/2011

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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Luas de verão

Clive Head


Nas horas que a lua crescia, o asfalto assemelhava-se a estradas escorregadias que levavam ao encontro de si mesmo. Apesar da claridade que proporcionava, na verdade não conduzia a lugar algum. Não se tratava de destino, era o caminho que sangrava de uma dor – ausente – de prazer fortuito, impossível e inconfessável. Segue o sol se sentindo lua e seguia a trilha, achando que era avenida. No desencontro entre sensação e realidade, observava os próprios passos e as pegadas alheias à frente e ao lado. Perseguia um rosto que se desmanchava tal e qual um relógio de Dali. No líquido que vertia, desvendava mistérios nas imagens fundidas ao asfalto derretido. Por agora, apenas a escuridão afagava os pensamentos acalorados de verão sem mar e de lua opaca, quando o sol somente permitia ficar suspenso por um fio, quarando a imaginação.

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19/01/2011
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