segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Carta 2: Esperança e ano novo!

Peguei na internet
Queridos amigos Ana e João,

No fim do ano sempre sinto um enorme saudade de vocês. Em meio às comemorações de fim de ano, tirei um tempo para escrever essa carta e desejar a todos vocês um ótimo 2009.

Vocês sabem que acima de tudo sou uma pessoa esperançosa, por isso creio que sempre vamos melhorar. Não sou muito de compactuar com aqueles que dizem que o passado foi melhor que o hoje ou que eu era feliz e não sabia. Eu fui feliz sim, mas posso ser mais feliz ainda, e isso me move. Apesar de estarmos distantes, sei que vocês também estão aproveitando os dias ao lado das pessoas que lhes são caras e minha saudade é daquelas que me fazem abrir um sorriso ao imaginá-los.

Eu rezo para que as conquistas da humanidade se ampliem no novo ano. Afinal, mesmo que muitas vezes acreditemos que nada tem saída, ainda assim, avançamos nas relações humanas e sociais. Poderia ser mais rápido? Talvez, mas somos todos humanos e isso é complicado.

Pois é, não vou escrever demais, só gostaria mesmo de desejar um Novo Ano de paz, alegrias, dias tranqüilos e boas emoções - emoções de todos os matizes - para vocês, para mim, para toda a humanidade.

Desejo também que nós possamos nos encontrar logo, e vou continuar planejando isso. Um beijo para todos da família. Adoro vocês.

Com carinho,

Luciana


***

Sopro de Quintana – Esperança

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...






***

Desejo a todos as pessoas que estiveram no Sopros de Lis em 2008 - foi um prazer conhecê-los e a convivência. O único balanço que desejo fazer hoje, é a perspectiva de dias ainda melhores. Que seus dias, no novo ano, sejam repletos de Esperança.

[Agradeci os votos no halos de baixo]

Meu carinho!
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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Fogos de Artifício e Poema de Natal

Peguei na internet

Fogos de Artifício
Olhou para o céu e viu a explosão de cores. Fogos de artifício. O período natalino era sempre especial, pois quase todos os dias ele podia ver os fogos e lia a programação da cidade para não perder nenhum espetáculo.

João havia morado na rua na infância e já nem sabia como tinha ido parar lá. Lembrava somente do dia em que a aquela mulher, com olhar bondoso, perguntou a ele se não gostaria de passar o Natal em sua casa. Devia ter dez anos, e quando entrou naquele “abrigo”, percebeu que a vida podia ser melhor. Uma linda árvore de natal na sala, toda confeccionada pelas crianças que ali moravam. Um sonho aquelas luzinhas. Queria ficar e ia fazer o que fosse necessário para isso.

Na noite de natal, todos foram para a rua olhar o céu e ver os fogos. Tantas cores, tantas formas, sorria e chorava, chorava e sorria. Ele nunca experimentara aquele aperto no coração, que ao mesmo tempo em que doía lhe proporcionava bem estar. Para sempre, aquelas luzes iriam brilhar nos seus olhos e seu coração sempre sentiria a mesma sensação, pois estava aprendendo o que era felicidade, quando a senhora de olhos bondosos, segurou sua mão e assistiram assim, a queima de fogos.

Hoje, olhando o céu, lembrou da música que diz Papai Noel vê se você tem a felicidade para você me dar, percebeu que, para ele, Papai Noel existiu e lhe foi muito generoso. Segurou a mãozinha da filha e abraçou a esposa, queria sentir o calor das duas para admirar os fogos e sentiu-se criança novamente, e sorriu e chorou. Era um privilegiado e agradeceria “ao céu”, enquanto estivesse vivo.

*Pode parecer meio piegas, mas adoro fogos de artifício e para falar sobre o tema, somente me veio essa historinha na mente.

***

Sopro de Vinicius de Moraes - Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
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domingo, 14 de dezembro de 2008

domingo, 14 de dezembro de 2008

Coisas que eu sei...

Enquanto não penso em algo para postar, um pouco mais do meu gosto musical pop.
Bom domingo!

Coisas Que Eu Sei
Danni Carlos (Composição: Dudu Falcão)
Eu quero ficar perto
De tudo que acho certo
Até o dia em que eu
Mudar de opinião
A minha experiência
Meu pacto com a ciência
Meu conhecimento
É minha distração...
Coisas que eu sei
Eu adivinho
Sem ninguém ter me contado
Coisas que eu sei
O meu rádio relógio
Mostra o tempo errado
Aperte o Play...
Eu gosto do meu quarto
Do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer
Na minha confusão
É o meu ponto de vista
Não aceito turistas
Meu mundo tá fechado
Pra visitação...
Coisas que eu sei
O medo mora perto
Das idéias loucas
Coisas que eu sei
Se eu for eu vou assim
Não vou trocar de roupa
É minha lei...
Eu corto os meus dobrados
Acerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais
Depois que eu já paguei
Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas
Depois eu já nem lembro
Do que eu desenhei...
Coisas que eu sei
Não guardo mais agendas
No meu celular
Coisas que eu sei
Eu compro aparelhos
Que eu não sei usar
Eu já comprei...
As vezes dá preguiça
Na areia movediça
Quanto mais eu mexo
Mais afundo em mim
Eu moro num cenário
Do lado imaginário
Eu entro e saio sempre
Quando tô a fim...
Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
Agora eu sei...





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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Alfonsina Storni e o mar

Monumento à Alfonsina Storni em frente a praia La Perla em Mar del Plata


Continuo dizendo que muita coisa que publico aqui no Sopros, se escolhem, não eu que escolho. Já há dias penso nessa música e em outro fiquei horas tentando achar uma versão midivoice para o blog. Na seqüência decidi que gostaria de contar um pouco sobre a história da personagem-tema, pois quando a conheci, gostei tanto, e se a música já me emocionava, quando eu não sabia que tratava-se de uma “história real”, imagine depois de saber. Um grande amigo me contou um dia e agora fui buscar uns pedacinhos na Wikipédia para contar aqui.

Conheci a música Alfonsina Y El mar antes de saber da poetisa Alfonsina Storni e de conhecer a história dela. Ouvi a música primeiramente com a Mercedes Sosa e depois na voz da cantora brasileira Simone – que particularmente não gosto, nem da voz, nem da maioria do repertório. Mas Alfonsina, eu gosto.

Alfonsina Storni, nasceu na Suiça, mas foi criada na Argentina, na província de San Juan. O pai escolheu o nome “melancólico e raro”, sobre o qual Alfonsina diria mais tarde: “me chamaram Alfonsina, que quer dizer disposta a tudo”. Em 1911, com uma vida cheia de aventuras, muda-se para Buenos Aires e lá tem um filho de pai desconhecido, sendo por isso e por outras atitudes definida como uma mulher que enfrenta radicalmente a sociedade. O material sobre sua “vida literária” é amplo na internet, mas a idéia é mesmo chegar ao tema da música, ou o porque da música. Então vamos a isso.

Em 1935 foi operada de câncer de mama e a cirurgia a deixa com grandes cicatrizes físicas e emocionais. Sempre tivera problemas de depressão, paranoia e ataques dos nervos. Transtornos mentais esses, que se agravam por conta da mastectomía. E em 1937 o amigo escritor uruguaio Horacio Quiroga, suicida-se e ela dedica-lhe versos com prenúncios de seu próprio final.

Em 1938, com câncer terminal, Alfonsina envia - de Mar Del Plata – carta para seu filho Alejandro e um poema de despedida para o Diário La Nación. Numa madrugada, Alfonsina dirigiu-se ao mar, os biógrafos dizem que se atirou de um rochedo e a lenda, que ela foi caminhando lentamente até se afogar. Pela manhã, dois trabalhadores acharam seu corpo.
Seu suicídio trágico inspirou a canção Alfonsina Y El Mar, Ariel Ramirez e Félix Luna, que foi interpretada por inúmeros músicos do idioma espanhol. Destacam-se as versões de Mercedes Sosa, Victor Jara, Andrés Calamaro e The Clash, segundo as informações que coletei, pois não conheço todas.

Não tenho condições de traduzir adequadamente toda a letra da música, compreendo, mas não vou fazer essa injúria, portanto destaco – em tradução literal para o português - umas duas frases, que acho lindas:

Sabe Deus sabe que angústia te acompanhou/Que dores antigas calou tua voz... Te vais Alfonsina/com tua solidão/que poemas novos foste buscar...

Deixo um vídeo na voz da Mercedes Sosa.


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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Carta 1: bobagem e música



Querida Val,

Já faz um tempo que tenho vontade de te escrever, mas meus dias estão cada vez mais insuportáveis, o trabalho tem me absorvido de maneira extrema. Tudo o mais tem ficado em segundo plano. Hoje o dia foi particularmente complicado. Imagina aqueles dias que quase tudo dá errado! Pois é, esse foi o meu, não sei mais como me desenrolar de conflitos. Certamente não foi por falta de avisos, pois quando escolhi trabalhar com gestão de recursos humanos já deveria estar preparada e muitos me disseram que seria uma bobagem, logo eu!

Entretanto, nunca se está verdadeiramente preparado para nada nessa vida! Pelo menos pessoas como eu, né? Sou mesmo uma pessoa fraca e facilmente irritável, não sei convencer, não sei liderar. Então como fui escolher essa profissão? Você que me conhece melhor que qualquer outra no mundo, me diga: por que eu tenho essa tendência a me envolver em situações ou coisas que depois não sei como sair? Se você não puder me ajudar, acho que ninguém mais pode.

Certo, sei que é uma enorme responsabilidade, essa que coloco em suas mãos, mas hoje me sinto desesperada. Não imaginava, que nessa época do ano, ainda estaria com tantos problemas para resolver.

Outra coisa que queria comentar contigo: sabe aquela pessoa, de quem te falei? Sumiu! Eu já estava ficando bem interessada, mas sabe como sou: prioridade sempre é tudo, menos minha vida pessoal. Enfim, já faz duas semanas que não me liga, não aparece nas reuniões com amigos comuns. Acho que já está em outra. Claro, quem vai ter paciência com uma neurótica que só conversa sobre trabalho, desmarca cinema por conta de reunião?

Val, tudo isso acontecendo na minha vida, eu querendo conversar contigo, e tu com essa implicância com tecnologia. Já ouviu falar em 3G? Sou capaz de lhe dar um notebook e pagar um aparelhinho desses para possas te conectar na rede. Mas não, tenho que esperar uma semana para que você receba minhas cartas via correio. E esse lugar, onde você foi se esconder, não tem nem sinal de celular decente! Pensando bem, essa história de 3G não vai funcionar para ti.

Amiga, vê se volta vai?! Desiste dessa idéia de vida naturalista, ou sei lá como se chama, e volta aqui, para nós tomarmos uma cerveja e jogar conversa fora (e olhar a bunda de alguém, como diria o Nei Lisboa). Bem sabes que a Leila e a Ana não conseguem me entender e não têm paciência comigo. Não sabem nem delas mesmas!

Creio que essa carta já está longa e eu ainda quero colocar no correio hoje, aproveito e saio uma hora mais cedo do trabalho e me livro de ter que olhar para essas caras descontentes. De qualquer forma desabafei e já me sinto outra, imagina se conseguíssemos conversar no messenger!

Aguardo uma carta tua na minha caixa de correio.

Saudades e muitos beijos.
Com carinho,

Sofia

P.S1. Fala pro Paulo que mandei beijo para ele também.
P.S2. Te mando duas fotos: uma mais velha do Gasômetro e outra foi uma tentativa de captar a lua crescente.



***
Sopro de Zeca Baleiro - Telegrama

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sexta-feira, música e poesia

Janela, colorida janela

A sexta-feira é sempre um momento uma promessa de dias melhores, eu creio! Significa que se conseguiu concluir mais uma etapa e há uma nova possibilidade de descanso e diversão. Ou simplesmente, a certeza de um novo ciclo.


O cansaço e muitas vezes o desânimo são substituídos pelo prazer de se viver uma nova sexta-feira. Com essa expectativa, vou concluir uma semana de ausência, com música (a última daquelas sete!) e poesia. Só para começar a sentir o sopro do fim de semana e do fim do ano. E da perspectiva de encontros, reencontros e de confraternização...esperanças, enfim...


Bom findi!

***


Sopro de Mário Quintana [Da felicidade]


Quantas vezes, a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura,
Tendo-os na ponta do nariz!


Música
Meu lado "água com açúcar", super pop, Alexandro Sanz, adoro! (Dar solamente aquello que te sobra/Nunca fue compartir, sino dar limosna, amor/Si no lo sabes tú, te lo digo yo...la,la,la)

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Lantejoula e bicho-homem

Rede para descansar... vontade!
Escrito daqueles que surgem por surgir... E lembrança de leitura antiga, em livro da escola. Creio que ajudou na formação das minhas convicções.
***
Vivia num mundo lantejoula. Lantejoula, lantejoula... Ficou repetindo mentalmente a palavra para que pudesse assimilar o significado dessa descoberta. Lantejoula, de acordo com o dicionário e segundo a vida tinha mostrado, são pequenas lâminas cintilantes, que enfeitam roupas de festas, fantasias de carnaval. Não são coisas usuais, poderia dizer mesmo que aparece esporadicamente.

Certo, isso devia ter um significado então, essa analogia boba, meio ridícula. Na verdade foi a sensação de vazio completo que lhe fez imaginar sua vivência de lantejoula, cintilante, cintilante... Até agora sua vida resumia-se aos amigos, família e trabalho, tudo muito certinho, tudo muito asséptico, como se, somente festas e carnavais houvesse.

Ao olhar pela janela do seu rico apartamento e ver o homem engolindo o resto dos alimentos que haviam sido depositados na calçada, em sacos de lixo, ela caiu nesse abismo, nesse vazio. O aperto no estômago era incômodo como um soco e observando em torno de si, se deu conta do seu mundo de lantejoula. Palavra primeira que se interpôs entre sua visão do homem e o observar do seu mundinho.

A única vontade que tinha agora era sentar e se deixar ficar imersa em pensamentos. Precisava resolver o que faria com a descoberta.

***
Sopro de Manoel Bandeira [O bicho ]

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Rio, 27 de dezembro de 1947
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