quinta-feira, 20 de novembro de 2008

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Barcelona e Antônio Gaudí

Imagem do Parque Güell

Inventar histórias não é meu forte, isto é, não sou escritora, muito menos ficcionista, mas quis inventar uma historinha para falar de Barcelona e Gaudí. Bobinha, sei, mas não sai muito mais daqui. Ainda mais cansada e com sono!

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Clara acordou cedo, abriu os olhos e tentou lembrar onde estava. Olhou ao redor e lembrou: estava em um hotel no centro de Barcelona. Difícil acreditar que havia conseguido realizar o sonho que se desenhou desde o dia em que abriu uma revista e viu a foto de umas esculturas sinuosas, coloridas, repleta de pedacinhos de azulejos/cerâmicas. E para completar, aquela visão do azul do Mediterrâneo.

Quando leu a reportagem descobriu que era um ponto turístico em Barcelona e que tudo aquilo havia sido pensado por Gaudí. Naquele momento, imaginou que o lugar seria um dos muitos que iria conhecer ao longo da vida, fechou a revista e guardou seu sonho junto com ela, em um local qualquer acumulando poeira.

Em algum outro momento da vida, ouviu novamente falar de Gaudí e desta vez foi uma amiga, que tinha morado em Barcelona e comentava sobre a Igreja Sagrada Família. Clara, somente ouviu, mas desta vez foi atrás de outras informações sobre esse “nome”, que era o que ele significava para ela até então.

Antonio Gaudí, arquiteto, um ícone do modernismo catalão – um equivalente do art nouveau francês. Inicialmente foi influenciado pela arquitetura gótica e posteriormente adotou um estilo próprio. Sua obra mais notável é o Templo Expiatório da Sagrada Família.

Por essa época, e antes mesmo de entrar em contato com as obras de Gaudí, Clara já admirava o pintor Joan Miró – catalão como o outro – influenciada, que havia sido, por uma grande amiga artista plástica, que fazia escola de Belas Artes em Belo Horizonte. Nesse período fazia visitas “guiadas” pela amiga à exposições diversas. O estilo colorido e lúdico de Miró lhe fazia divagar.

Enfim, Clara já tinha algumas informações sobre o autor das obras que haviam lhe impressionado anos atrás. Pouco tempo depois deste episódio, foi convidada a participar de um congresso na Espanha, mais especificamente em Barcelona. No mesmo momento, foi como se alguém encontrasse aquela revista de anos atrás, soprasse o pó de cima dela e Clara visse novamente e limpidamente o que agora sabia completamente ser o Parque Güell.

Após essas recordações – que passaram rapidamente pela mente – Clara levantou, tomou um banho e desceu para se juntar aos amigos no saguão do hotel. Iam comprar um ticket, para o ônibus turístico que rodava a cidade toda e, parava em todos os pontos principais da cidade. O interessante é que podia ficar o tempo que bem entendesse nos lugares, pois os ônibus circulavam desde cedo até o anoitecer. E ela já tinha se planejado para ficar o dia todo no entra e sai de lugares e dos ônibus.
Ao chegar a Sagrada Família e olhar os milhares de detalhes nas paredes externas da obra, ela imaginou que Gaudí devia ter ingerido um alucinógeno ao pensar aquilo, sorrindo admirada com tanta beleza. Uma obra inacabada, uma obra em obras e que talvez jamais finalize. Ficou sabendo, no ônibus, que quando perguntado - por seus pupilos - sobre quando a obra seria concluída, o arquiteto teria dito que o cliente não tinha pressa, que Deus tinha a eternidade para aguardar a finalização.

No meio da tarde, Clara chegou ao Parque Güell, nada do que ela falasse, para descrever a sensação de estar ali, poderia ser compreensível para outras pessoas. Sentou-se num daqueles bancos coloridos e ficou mirando o Mediterrâneo no horizonte, na tarde quente do outono de Barcelona, ela sentiu soprar um vento frio em sua nuca e arrepiou-se, por algum motivo, que não saberia explicar, Clara sentiu naquele sopro a promessa de um futuro e um retorno.


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Imagens do Parque Güell - Barcelona



Imagens da Igreja Expiatória da Sagrada Família - Barcelona







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Sopro de Joan Brossa – poeta catalão - [Poema]

A neve cobriu o sol.
Te proponho este
poema. Dele
tu mesmo és o livre e necessário
intérprete.