quinta-feira, 27 de novembro de 2008

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Poucas palavras

Chuva e janela


Não tem jeito, cada vez que sento para escrever alguma coisa para postar, só sinto um imenso vazio. Difícil não conseguir dominar as palavras, pois tem um monte “coisas” gritando dentro de mim. Umas saudades, algumas pessoas, algumas sensações, alguns lugares...todos e tudo ao mesmo tempo, gritando e gritando. Mas meu tempo não tem sido tranqüilo e dessa forma meus pensamentos só me parecem um grande emaranhado de idéias e angústias.

Uma hora dessas a tranqüilidade volta...

E quando não encontro socorro em mais nada, ao menos Clarice Lispector me socorre, com palavras que foram “pescadas” aleatoriamente - em um livro que foi muito significativo num determinado momento da vida. Os escritos dela atravessam o tempo e servem de consolo para a minha falta do que dizer e dizem por mim.

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Sopros de Clarice Lispector
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A vida oblíqua? Bem sei que há um desencontro leve entre as coisas, elas quase se chocam, há desencontro entre os seres que se perdem um dos outros entre palavras que quase não dizem mais nada. Mas quase nos entendemos nesse leve desencontro, nesse quase que é a única forma de suportar a vida em cheio, pois um encontro brusco face a face com ela nos assustaria, espaventaria os seus delicados fios de teia de aranha. Nós somos de soslaio para não comprometer o que pressentimos de infinitamente outro nessa vida de que te falo.
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(Água Viva)