domingo, 11 de janeiro de 2009

domingo, 11 de janeiro de 2009

Pegadas no asfalto e...Quase Nada (Zeca Baleiro)

Peguei na internet


De você sei quase nada

Pra onde vai ou porque veio

Nem mesmo sei

Qual é a parte da tua estrada

No meu caminho

A chuva caía, a voz macia do Zeca Baleiro cantava no seu ouvido e ela caminhava cada vez mais rápido. Talvez a intenção, de caminhar na chuva, fosse conseguir repassar toda a sua vida e lavar tudo o que nela não lhe agradava. Olhou para trás na tentativa de ver suas pegadas. Que bobagem – pensou! Como poderia deixar pegadas no asfalto? Mas na água uma pegada fugidia era impressa, cada vez que pisava.

Será um atalho

Ou um desvio

Um rio raso

Um passo em falso

Um prato fundo

Pra toda fome

Que há no mundo

A “outra” que habitava sua mente pensou: “boba é você! Era nessa pegada que eu pensava mesmo! Um caminhar sem pegadas, sem rastros a serem seguidos”. Andava sozinha e nada, enfim, ia mudar isso!

Esse pensamento – que era seu e não era - lhe fez sentir um enorme peso no coração. Era assim mesmo que se sentia: duas! Talvez até mais que duas. Mas nesse momento, sentindo a água misturar ao suor daquele dia chuvoso e abafado, eram duas as que brigavam dentro dela.

Uma que quer se abrir e deixar pistas do que vai na mente, seus pensamentos mais secretos. E a outra, que se basta e quer trilhar tão levemente que seu peso não pressione o chão.

Noite alta que revele

Um passeio pela pele

Dia claro, madrugada

De nós dois não sei mais nada

A chuva fina continuava caindo, e lhe parecia, lavar a alma. E essa sensação sim, agradava-a por completo. Ainda teria que tomar inúmeras decisões e não tinha nenhuma certeza. Quanto mais procurava se concentrar nisso, mais divagava. O pensamento de desaparecer, sem dar notícias, sem dizer para onde iria, esperar que se esquecessem dela...

Qual é a parte da tua estrada

No meu caminho?...

... De você sei quase nada

Passava a mão no rosto, com impaciência, como se isso fizesse com seus pensamentos apagassem. Se pelo menos, aquele encontro não tivesse acontecido...se, se...Se não tivesse divagado em seus próprios passos, agora seria só a chuva e não as lágrimas a encharcar o rosto...E o Zeca continuava cantando...

Se tudo passa como se explica

O amor que fica nessa parada

Amor que chega sem dar aviso

Não é preciso saber mais nada


Texto meu com trechos da música Quase Nada [Zeca Baleiro/Alice Ruiz]

***

Bom, vou tentar atualizar com maior frequência. Agradeço os comentários no post anterior.
Feliz 2009!