Voltando de um jantar ótimo com amigos e com vontade de comentar, antes do resultado do vôlei masculino. Pois é, se buscarmos notícias sobre os jogos olímpicos, em geral vamos nos deparar com queixas sobre o incentivo do país para o esporte. Isso é um fato, nós certamente devemos investir em buscar novos atletas e um campo fértil para isso são os adolescentes do ensino médio. Se tivéssemos uma política pública voltada para isso certamente teríamos mais opções. Mas políticas públicas devem ser acompanhadas de “boa vontade” do setor privado também. Tem muita coisa que se discutir – você diria que o governo deveria dar “incentivos fiscais”- não há dúvidas. Entretanto, em uma nação em desenvolvimento, isso se faz com o esforço conjunto do governo, sociedade e mídia (sim, a mídia é um poder!). E o que freqüentemente observamos é que, passada as competições específicas, voltamos a ser o país de um único esporte: o FUTEBOL!
Um detalhe que me chama atenção é a nossa inaptidão em lidar em situações de pressão. Hoje em dia, o “mercado” de trabalho de sucesso considera como uma competência estratégica, a capacidade de lidar com situações de estresse. Você quer estresse maior que uma pessoa ser cobrada por uma nação inteira por resultados positivos? A mídia é senhora em fazer essa cobrança. Ela faz um ídolo e destrói na mesma dimensão que construiu. Solução? Aprender a lidar com isso! Quem ensina? Treinadores, psicólogos, enfim, especialistas em recursos humanos.
Contudo, essas olimpíadas me mostraram um elemento muito interessante: as mulheres se sobressaíram. Veja nossas medalhas de ouro com a Maurren Maggie e com as jogadoras de vôlei. No vôlei, eu olhava os pontos e imaginava que aquelas norte-americanas “adrenalizadas” pelo treinamento de trabalhar sob pressão iam se “dar bem”. Eis que, as meninas me surpreendem e conseguem se superar e vencer dois sets depois de perder um. Isso é que é saber se superar após enorme pressão! Bingo! Palmas para elas! Esse assunto dá jogo, dá bate-papo, dá pano pra manga.
Mas por hora: meninas brasileiras, mulheres brasileiras – acostumadas a viver sob pressão e achar solução – eu só quero lhes dar um mega parabéns. E viva nós – sem feminismo – que temos que enfrentar vários leões no nosso dia a dia. E aos homens sigam o exemplo do treinador do vôlei – Zé Roberto - nossos hormônios nos fazem diferentes, nos compreendam por isso e com isso e podemos, todos juntos, ser vitoriosos.
E vocês – homens e mulheres - que nos representaram em Pequim, meus agradecimentos sinceros, independentemente da nossa posição no quadro de medalhas. Vocês fizeram o seu trabalho com dignidade.
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