terça-feira, 23 de setembro de 2008

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Caminhos (e sensações) da Índia



Hoje fui procurar um presente especial. Difícil encontrar presentes para quem tem praticamente tudo, falando de coisas materiais e de presentes viáveis financeiramente. De qualquer forma meu alvo inevitável foi uma livraria e nela os livros de culinária.

Encontrei um - que faz parte de uma coleção intitulada Cozinha das Sete Famílias - sobre a culinária indiana. Uma poesia de texto e imagens. Encantei-me! Antes de entregar o presente vou furtar - como quem furta rosas do jardim alheio - um pouco do conteúdo para postar aqui. Furtar duas vezes, do aniversariante e da família indiana, que no livro responde umas perguntinhas. Selecionei as respostas, de cada um, que mais se adequavam ao meu momento. É ficou assim:

Se eu fosse... uma cor,
eu seria o vermelho das pimentas, bem brilhante, uma prova de sabor e de força!
Se eu fosse... um cheiro,
eu seria o do garam masala, salpicado sobre os pratos no exato momento de servi-los. Incomparável.

Se eu fosse... um sabor,
eu seria o sabor quente da canela quando está em infusão.

Se eu fosse... um utensílio,
eu seria a folha da bananeira! Um papillote natural e com um perfume único.

Se eu fosse... uma lembrança gustativa,
eu seria a primeira vez que eu senti o cheiro da baunilha...
Eu perguntei à mamãe se eu podia comer a vagem!

Se eu fosse... um pecadinho,
eu seria uma manga! Supersuculenta, quase madura demais, para dar uma dentada e sentir o suco que escorre na boca.

***

Foi ler as respostas e viajar...um mundo de lembranças assalta a memória...

Não satisfeita, fui buscar uma poesia de um autor indiano que me completasse a estranha sensação... Sintam o sopro de Rabindranath Tagore, nascido em Calcutá (1861) e falecido em Bengala (1941). Ouçam o belo sopro da voz de Ná Ozzeti, que se não tem complemento com o texto, causou-me uma boa sensação ao ouvir.

***
Sopro de Rabindranath Tagore

No dia em que a Flor de Lótus desabrochou

A minha mente vagava, e eu não a percebi.

Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.

Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.

Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro

De um perfume no vento sul.

Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.

Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.

Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim

Que ela era minha, e que essa perfeita doçura

Tinha desabrochado no fundo do meu coração.

(Flor de Lótus)