sexta-feira, 5 de setembro de 2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Um pouco da alma portuguesa - sopros de Lisboa

No mesmo sentido dos versos de Pessoa, tenho em mim um pouco da alma portuguesa cantada em verso e prosa.

Imagem, poesia e música portuguesas

A música que toca aqui é: Canção da Mar 

(Com: Dulce Ponte; Composição: Frederico Brito e Ferrer Trinadade). 

Li também que a música também foi gravada por Amália Rodrigues em 1955.

Tenham um lindo findi! Aproveitem tudo de bom que ele lhes proporcionar.

Sopro de uma noite em Lisboa

***

Sopro de Fernando Pessoa

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

***
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

***
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu?"
Deus sabe, porque o escreveu.

(Não sei quantas almas tenho - F. Pessoa)