(Cântico Negro)
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
José Régio - Cântico Negro
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Frio primaveril
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Caminhos (e sensações) da Índia
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domingo, 21 de setembro de 2008
Lya Luft - Secreta Mirada
ou me tiveram
partiram
num cortejo silencoso e iluminado
O tempo me ensinou
a não acreditar demais na morte
nem desistir da vida: cultivo
alegrias num jardim
onde estamos eu, os sonhos idos,
os velhos amores e seus segredos.
E a esperança - que rebrilha
como pedrinhas de cor entre as raízes.
(Secreta Mirada - 1997)
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sábado, 20 de setembro de 2008
Sábado...Clarice...Tango
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Atenção ao sábado
Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço: sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de manhã a abelha do quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas. Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo uma cuia de carne-seca e pirão; nós tínhamos tomado banho. De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado era a nossa rosa da semana...
Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais...(C.L.)
E em sendo sábado podemos falar um tantinho de música. De Tango. “O Tango surgiu no fim do século XIX, uma mistura das formas musicais dos imigrantes italianos e espanhóis, dos crioulos descendentes de espanhóis que viviam nos pampas e do batuque de negros chamado Candombe”. Dizem ser uma expressão folclórica das populações pobres, dos subúrbios de Buenos Aires. Alguma semelhança com o Chorinho?
Em público, dançavam homens com homens, pois a dança era considerada obscena entre homens e mulheres abraçados, por isso o tango se manteve restrito aos bordéis e os homens empregavam os passos praticados e criados entre si nas horas de lazer em família. Um grande nome do Tango? Carlos Gardel. E na década de 50 Astor Piazzola revolucionou o tango, usando recursos clássicos de Bach e Stravinsky.
“Es (el tango) un pensamiento triste que se baila” (Enrique Santos Discépolo)
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Pedacinho do Céu – Chorinho de Waldir Azevedo
Eu adoro chorinho! A minha primeira lembrança de um choro é Odeon, de Ernesto Nazareth – pelo que li uma sofisticação no chorinho, pois ele misturava o popular e erudito, sendo que sua obra só foi admitida como tal nas décadas de 40 e 50.
O choro surgiu em meados do século XIX como resultado de uma mistura de elementos das danças de salão européias com influência de música africana, mas foi no início do século XX que ganhou maior consistência. Joaquim Antonio da Silva Callado, Chiquinha Gonzaga, Anacleto de Medeiros, Pixinguinha - com seu famoso Carinhoso – Altamiro Carrilho, são nomes históricos do chorinho.
Agradecimentos especiais a Lu do Voz Ativa pelos selos e pelo carinho
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Compreensão súbita, incompreensão aguda - Paixão segundo GH
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Sopro de Clarice
...
Não. Toda compreensão súbita é finalmente a revelação de uma aguda incompreensão. Todo momento de achar é perder-se a si próprio. Talvez me tenha acontecido uma compreensão tão total quanto uma ignorância, e dela eu venha a sair intocada e inocente como antes. Qualquer entender meu nunca estará à altura dessa compreensão, pois viver é somente a altura a que posso chegar – meu único nível é viver. Só que agora, agora sei de um segredo. Que já estou esquecendo, ah sinto que já estou esquecendo...
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Ensaio sobre a cegueira - o filme, o livro
Não li o livro Ensaio sobre a cegueira, do escritor português José Saramago, então não posso traçar paralelo algum com o filme, que fui assistir e me causou grande impacto. A mensagem implícita é fortíssima. O filme foi bastante criticado no Festival de Cannes e o diretor Fernando Meirelles teria realizado diversas modificações para a exibição comercial, após as críticas negativas.
Sobre o livro, José Saramago disse: "Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso". É muito provável que eu o leia.
O filme está em cartaz no Brasil, creio que desde sexta-feira (12/09/2008), e tem no elenco Julianne Moore, Danny Glover, Alice Braga, Mark Ruffalo, Gael García Bernal, Don McKellar, Maury Chaykin, Martha Burns. Eu gostei de ter assistido, mas eu não diria que é “palatável”, é bom pensar bem antes de se aventurar. O enredo mostra, após uma epidemia de cegueira, a degradação do ser humano e a tentativa de um grupo de pessoas em manter a dignidade, buscando não simplesmente enxergar e sim compreender um ao outro.
"O medo cega, disse a moça dos óculos escuros. São palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegamos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos...”
domingo, 14 de setembro de 2008
Para uma avenca partindo - Caio Fernando Abreu
Sopro de Caio Fernando Abreu
- Olha, antes do ônibus partir eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende?...
...é verdade que eu sabia, que havia uma outra coisa atrás e além de nossas mãos dadas, dos nossos corpos nus, eu dentro de você, e mesmo atrás dos silêncios, aqueles silêncios saciados, quando a gente descobria alguma coisa pequena para observar, um fio de luz coado pela janela, um latido de cão no meio da noite...
...você cresceu dentro de mim dum jeito insuspeitado, assim como se você apenas uma semente e eu plantasse você esperando nascer uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez uma samambaia, no máximo uma roseira...em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço...
sábado, 13 de setembro de 2008
Vídeo - Nei Lisboa
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Todo Anjo é Terrível – Vontade de mudar
algumas pedras
do propósito do lançar na poça
do reverberar na alma
enternedurecidos
eu mesmo despenco algum inferno abaixo
talvez, apenas, a vontade
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Um poeta paraense
Sopro de Juraci Siqueira
Arte Poética
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Meu presente, meu carinho
Uma vez – lá se vai quase uma vida (acho que estou muito velhinha hoje) – eu achei que podia ser escritora, mas não fui além de um caderno. Verdade eu tinha um caderno para desabafos. Não precisava ser poetisa, podia ser uma cronista como a Martha (olha que louca!). Depois pensei em ser pintora, artista mesmo. Mas não cheguei a cometer o desatino de comprar pincéis e telas. Fiquei com os lápis de cor, que eu adoro. Na verdade era mais uma terapia. Bom, nada disso se concretizou e ser artista ficou no passado. O pouco de sensibilidade guardei para admirar o talento de outros.
Vejam só, eu falava da função do blog e enveredei por outro assunto – está bem, mas tem uma relação. Para que mesmo eu queria um blog? Quer dizer, querer eu não queria. Minhas amigas Lu e Layla acabaram por me convencer (viciar seria mais correto) e a Layla, que está fazendo “carreira” nessa onda de construir e customizar blogs criou esse para mim. Demorei meses até assumi-lo, sempre me perguntando a tal da função. Sabe como é, virginiana, sempre tem que ter um porque e tal.
Então ontem, definitivamente me caiu a ficha, que na real eu quero o blog para encontrar amigos já conhecidos e fazer novos.
Pois que tudo isso é para agradecer todos os amigos que comentaram aqui ontem:
Layla: do Ressaca
que chegou aqui se desculpando – até agora não do quê! Eu que só tenho agradecimentos à ela.
Mineira: que foi a responsável pela amizade entre ela, Layla, Lu e eu, pois a tagarelice iniciou no Matutando
Neiva - que conheci faz pouco, mas tem sido presente aqui no Sopros
Tania Tum Tum Tum: vai fazer aniversário que nos encontramos por aí e que fez um lindo slide com as fotos do blog.
Times: que me trouxe um abraço muito fofo e carinhoso. Também nos encontramos sempre por aí.
Ciça: lá do Parodoxo Interior
sempre trazendo seu carinho.
Thania: que também tem me prestigiado e elogiado as imagens, logo ela que é uma especialista em imagens lá no Arte Imita Visa - Imagens
E o Álisson (poetanjo da Layla, lá do Ein jeder Engel ist Schrecklich -Todo anjo é terrível - que tive o prazer de conhecer às vésperas do meu aniversário e coincidentemente também é virginiano e...um poeta dos melhores.
Ainda tem mais a Glória, a Iara, o Nó e o Daniel que passaram no Voz Ativa para confraternizar. E a Tita, parceira no Tagarelas que mandou email.
Valeu muito ter encontrado vocês aqui e lá ontem!
Beijos miles para vocês!
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Sopro de uma lembrança
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Cores
Vamos de Mário Quintana novamente.
Sopro de Quintana
Na bola de cristal procuro meu futuro:
futuro tão brilhante que aos olhos me faz mal...
Não, não esse brilho fácil da girândolas,
mas uma súbita, silenciosa explosão de cores
- prenúncio da total
subversão! -
até que então o Grande Mágico
regendo o novo Caos
(...e mesmo porque nada pode ser destruído...)
até que o Grande Mágico
- afinal -
com todos os espantosos subprodutos da última Bomba H
recomponha o milagre de cada indivíduo!
(O futuro - MQ)
domingo, 7 de setembro de 2008
Dia da pátria - que pátria eu quero?
Acordei meio atordoada com uma explosão e fiquei uns minutos tentando entender o que se passava. Seriam fogos de artifícios? Será que é dia de GRENAL e eu não sei? Levantei e fui para a caminhada matinal. Dia frio, céu chumbo e vento cortante. No brique da Redenção tudo meio parado. Lembrei! Hoje é sete de setembro, comemoração do dia da pátria. Há desfile, parada militar. Devem estar todos lá. Resolvi caminhar até o acontecimento, pois já estava na rua mesmo...
Sempre me impressiono como esse evento encanta as pessoas. Uma herança dos tempos da ditadura para “justificar” patriotismo. Patriotismo? Bom, sei lá. Só sei que me impressiono. Fiquei lembrando-me dos tempos de colégio, eu não era obrigada a desfilar – já tinha ocorrido a “abertura política” - mas participava na torcida das bandas do colégio. Era divertido, uma interação e uma disputa saudável.
Continuei caminhando e vendo o rosto dos soldados, uns muito novos e eu pensando: será que eles sentem mesmo isso que estão gritando? Talvez quisessem estar em outro lugar qualquer, também não sei. Pensei em quanto suas famílias deveriam agradecer de não ter que enviá-los à guerra. Está bem, vivemos discutindo a guerra urbana em que nos encontramos. Mas não posso imaginar o que seria ter que usar aquele armamento pesado – e “fora de forma” que vi passar - para “eliminar o inimigo”. Eles estão lá, para nos defender de um inimigo – que nos é invisível até agora - se isto os exigir.
Que triste viver num mundo no qual é necessário manter cidadãos nas casernas se preparando para combate, com o orgulho “na ponta do fuzil”, enaltecendo o uso das armas. Melhor seria prescindir de tal serviço e talvez utilizar toda essa juventude em ações de paz. Senti uma piedade de mim, deles, de nós. Uma melancolia de ver aqueles rostos tão jovens gritando gritos de guerra. Nossos “inimigos” são tão outros, nossa pátria carece mesmo é de um ufanismo positivo, construtivo, que pense resoluções para nossos problemas sociais, para uma divisão de renda que seja justa.
Precisamos muito eliminar inimigos que mandam o produto do nosso trabalho para paraísos fiscais, extraindo do nosso povo o direito à cidadania, que passam poucas horas na cadeia e muitos anos corrompendo e criando uma rede de contatos que os libertem rapidinho para novas falcatruas. Nosso inimigo está aqui e planeja “estratégias de guerra” para manter o analfabetismo, a informação truncada, que gera todos os problemas sociais que todos nós conhecemos. A estratégia que vai lhes manter no centro do poder econômico.
Nosso principal inimigo está aqui e não são os urutus, os fuzis que vão eliminá-lo. Depois de pensar tudo isso, lembrei-me das explosões que ouvi ao acordar, certo que não pretendo ouvir esse som e sim a sonora canção de cidadãos que saibam ler e compreender um texto de um dos autores que tanto gosto de publicar aqui.
Feliz Brasil para todos nós.
***
Em tempo: como tudo muda o tempo todo, o céu chumbo deu lugar a um céu azul inigualável!
Tenham todos uma ótima semana!
sábado, 6 de setembro de 2008
Saudade - Mais de Martha Medeiros
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Um pouco da alma portuguesa - sopros de Lisboa
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Sopro de Fernando Pessoa
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
***
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
***
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu?"
Deus sabe, porque o escreveu.
(Não sei quantas almas tenho - F. Pessoa)
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Cores e emoções
Só a magia colorida do pôr-do-sol me carrega a sonhar novamente.
E pinta o céu de alaranjados, azulados, lilases, amarelados.
Em cada tonalidade descubro um mundo, um ser, um carinho.
Tocam-me todas as cores, me arremesso sobre elas,
que abraçam, me sorriem e me remetem aos sonhos.
Sonhos fugazes, vívidos, como de uma época que nunca passou, por mais que o tempo insista em correr.
Os morros em primeiro plano vão se tornando escuros, esses são meus dias atuais.
Por traz deles a maior e mais bonita iluminação que sequer alguém imaginou,
Essa luz sou eu - ou a luz dos meus devaneios.