segunda-feira, 20 de outubro de 2008

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Mineirices e matutices

Esta é a semana das mineiras, aqui e acolá. Hoje é aniversário da Cíntia Mineira, meio londrina agora, eu diria. Mas a Mineira faz parte dessa história de “estar na internet”, pois afinal, foi no Matutando que nos encontramos e ganhamos o “país e o mundo” :) . Eu sempre afirmo que se tem uma coisa que faz aproximar-me das pessoas, essa “coisa” é a gentileza. E foi isso que sempre encontrei nas nossas “matutices” lá com a Mineira.

Desejo que todos os sonhos dessa moça se cumpram, que seja feliz na sua busca, no seu caminho, pois, foi em busca de realizações tão longe, e isso é admirável. Vou aproveitar para presenteá-la com um poema de outra mineira, Adélia Prado – poema que espero que ela goste. E com uma música [que é um de seus cartões de visita no blog] da Legião Urbana.

Já estou com vontade de ouvir o Renato aqui faz horas e vou aproveitar para ouvir Sereníssima (“sou um animal sentimental/me apego facilmente ao que desperta o meu desejo...”). Acaba que era para ser do gosto dela e satisfiz gostos meus também :). Vamos então!


***


Sopro de Adélia Prado [Com licença poética]


Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.
Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.